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DISTRITO FEDERAL
Apuração criminal contra governador agora será estendida para verificar se há lavagem de dinheiro
Inquérito que investiga Roriz cita saques de doleiro
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O inquérito criminal que investiga o governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PMDB),
por suspeita de desvio de dinheiro
público para a campanha à reeleição, em 2002, chegou à figura de
um conhecido doleiro de Brasília,
o que deverá estender a apuração
para a hipótese de ocorrência de
lavagem de dinheiro.
Há duas semanas, Vânia Aragão Duarte, gerente de uma agência do BRB (Banco de Brasília)
onde parte do dinheiro foi movimentada, disse que o doleiro Fayed Traboulsi fez, durante a campanha, dois saques de valores elevados diretamente no caixa.
Os saques foram de R$ 2,310 milhões em 9 de setembro e de R$
3,5 milhões em 22 de outubro.
O primeiro cheque seria da empresa Adler para Traboulsi. O outro seria do ICS (Instituto Candango de Solidariedade) para a
Adler. O ICS é uma entidade de
assistência social que recebe recursos do governo do DF.
A Adler teria recebido pagamentos do ICS por serviços prestados, mas é suspeita de ter montado comitês eleitorais de Roriz e
de aliados dele.
O inquérito instaurado pelo STJ
(Superior Tribunal de Justiça)
tem o objetivo de esclarecer se foi
montada uma rede pela qual o dinheiro saía dos cofres do governo
do DF, passava pela Companhia
de Desenvolvimento do Planalto,
que é uma empresa pública, seguia para o ICS e chegava às empresas Adler e Linknet para que
elas prestassem serviços à campanha eleitoral de Roriz.
Rede
Se confirmado, o governador
poderá ser processado por crime
de prevaricação (faltar aos deveres do cargo que ocupa).
Já o fato de um doleiro ter feito
saques de elevados valores nos
caixas das agências do BRB reforçou a suspeita de ilegalidade e gerou a hipótese de lavagem de dinheiro. O interesse seria não deixar "rastros" nas contas.
Após prestar depoimento,
Duarte passou a ter proteção da
Polícia Federal, pedido feito pelo
procurador-geral da República,
Geraldo Brindeiro, ao ministro
Márcio Thomaz Bastos (Justiça).
Pressões
Ela foi autorizada porque Duarte disse que estaria sofrendo pressões do dono da Adler, Ricardo
Sesch, e de Traboulsi para omitir a
participação do doleiro caso fosse
ouvida pela PF ou pelo Ministério
Público Federal.
Ela afirmou que, ao procurar o
presidente do BRB, Tarcísio Franklin de Moura, ele a teria aconselhado a sustentar a versão de que
os dois saques tinham sido feitos
por Sesch e não por Traboulsi. A
presidência do BRB é um cargo de
escolha do governador. Moura
ainda não foi ouvido no inquérito.
Pela Lei de Lavagem de Dinheiro, qualquer saque acima de R$ 18
mil precisa ser autorizado pela direção do banco para apuração de
eventuais suspeitas. Além dos
dois cheques que somam R$ 5,810
milhões, liberados na agência de
Duarte, também há um no valor
R$ 7,568 milhões, do ICS para a
Adler, sacado no caixa de agência
onde a empresa tem conta.
O suposto desvio de dinheiro
para a campanha também motivou um pedido de cassação do
mandato de Roriz, que tramita no
TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
No próprio STJ, o governador
reeleito do DF responde a outros
dois inquéritos criminais: por
suspeitas de envolvimento em
grilagem de terras públicas e de
descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal.
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