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Por Dantas, Greenhalgh pede ajuda a amigo de Lula
Grampos da PF apontam que Sigmaringa Seixas (PT-DF) foi tratado como "a melhor pessoa" para aproximar banqueiro do governo
RANIER BRAGON
EM SÃO PAULO
Os grampos telefônicos colhidos pela Polícia Federal na
Operação Satiagraha indicam
que o ex-deputado federal Sigmaringa Seixas (PT-DF), amigo
do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, foi tratado como "a
melhor pessoa" para montar
"uma estratégia de aproximação" entre o Palácio do Planalto
e o banqueiro Daniel Dantas.
A avaliação surge de conversa telefônica gravada no dia 16
de maio entre Sigmaringa e o
também ex-deputado federal
petista Luiz Eduardo Greenhalgh, apontado pela PF como
defensor dos interesses de
Dantas no governo.
No grampo, Greenhalgh relata a Sigmaringa conversa que
teria tido com uma pessoa que,
indicam as circunstâncias, seria Dantas. "Eu estou convencido [de que], para o que eles querem, você é a melhor pessoa,
entendeu? Pelo menos pra conversar, pra sentir, pra ver uma
estratégia de aproximação."
Deputado federal por três
mandatos, Sigmaringa é freqüentador da casa de Lula.
Apesar de os dois ex-deputados não se referirem a nomes
no diálogo gravado, Greenhalgh faz a seguinte descrição
do interessado na "aproximação". "O cara vai pegar o que ele
vendeu e vai cantar noutro lugar, entendeu? Vai tentar, ele tá
começando outra vida pô, vamos ver." Dantas negociou,
nesse período, a venda de sua
parte na Brasil Telecom por um
valor superior a US$ 1 bilhão.
À Folha o ex-deputado Sigmaringa Seixas disse que Greenhalgh lhe pediu apenas para
tentar descobrir, nos tribunais
de Brasília, se havia alguma investigação contra Dantas.
"Ele nunca me pediu qualquer tipo de aproximação. Você não vai encontrar nenhuma
conversa minha, com quem
quer que seja do governo, sobre
isso", disse Sigmaringa.
Após a Folha lembrar que
Greenhalgh menciona o termo
"estratégia de aproximação",
Sigmaringa diz não ter feito o
que foi pedido, mas depois afirma que não se lembra exatamente do que foi dito.
"Eu disse que não faria, entendeu, eles queriam que eu...,
eu disse que não faria, foi isso
que eu fiz. Eu liguei para o
Greenhalgh, "bom, não tem como ver, só posso ver se existe
na Justiça de Brasília". (...) Eu
não sabia que o Greenhalgh estava procurando qualquer outro tipo de aproximação, mas
eu não o estou criticando."
Mais adiante, Sigmaringa
acrescentou: "Você tem perguntar ao Greenhalgh o que ele
quis dizer com isso ["estratégia
de aproximação"]. Eu nem me
lembro da conversa".
Porém Sigmaringa fez questão de defendê-lo: "Ele [Greenhalgh] agiu como advogado.
Ele [Dantas] o contratou para
tentar intermediar um entendimento com os outros grupos,
e isso naturalmente passava
por órgãos do governo."
Greenhalgh disse apenas que
"não há nada" no diálogo que
comprometa Sigmaringa.
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