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Teles são suspeitas de violar sigilo de celular
Investigação da Promotoria e da Polícia Civil aponta que informações sobre histórico de contas saem das próprias empresas
Promotoria e polícia apuram há um ano a quebra de sigilo telefônico e bancário por investigadores; cerca de 30 detetives já foram presos
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Se você acha que a Polícia Federal pode cometer abusos com
violação de sigilo telefônico,
deve acrescentar mais um suspeito na sua lista: as próprias
empresas de celular. Investigação conjunta do Ministério Público Estadual e da Polícia Civil
aponta que a maior parte das
informações sobre o histórico
das contas, vendidas por detetives particulares, sai de dentro
das próprias companhias.
Históricos de contas telefônicas são comercializados por
detetives principalmente em
casos de suspeita de infidelidade conjugal e de espionagem
comercial. O histórico da conta
revela para quem você ligou
-uma informação valiosa para
quem desconfia de traição ou
quer descobrir quem são seus
fornecedores ou clientes.
A investigação está centrada
nas empresas de celular porque
os pedidos dos clientes dos detetives está concentrado nesse
tipo de comunicação. Mais de
95% dos documentos apreendidos sobre violação são contas
de celular, dizem os investigadores. Contas da Vivo, da Tim e
da Claro são as mais encontradas nesse tipo de operação.
A polícia e a Promotoria investigam há um ano a violação
de sigilo telefônico e bancário
por investigadores privados.
Nos casos de violação do sigilo
telefônico, a suspeita recaía sobre as lojas de celular por uma
razão simples: elas têm acesso
às contas que não foram pagas e
emitem segunda via quando o
cliente pede.
Com o desenrolar da apuração, a suspeita revelou-se infundada. A polícia encontrou
históricos de contas com informações que se estendiam por
seis meses -um tipo de dado
que as lojas não conseguem ter
acesso, segundo a Promotoria.
Origem
Cerca de 30 detetives já foram presos no decorrer dessa
investigação, 16 deles são réus
em um processo criminal, mas
o promotor criminal Márcio
Cristino acha que esse tipo de
ação não é a mais produtiva. "É
preciso atacar a origem do problema, descobrir quem fornece
essas informações", afirma.
Na última semana, o delegado Dimas Pinheiro, do Deic
(Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado) e o promotor conseguiram
na Justiça uma ordem para entrar em uma empresa de celular para entender como os dados dos clientes são armazenados. O exame foi acompanhado
por especialistas em informática da polícia e do Ministério
Público. As conclusões iniciais
da vistoria sugerem que as empresas não protegem os dados
dos clientes com todas as técnicas disponíveis.
Uma das maneiras de proteger dados é fazer com que qualquer acesso a uma informação
fique registrado nos computadores -recurso chamado tecnicamente de "log in". A análise
do centro de dados dessa empresa aponta que as contas dos
clientes não são protegidas por
esse tipo de registro.
A investigação ainda não
conseguiu estabelecer que tipo
de funcionário das empresas de
celular poderia ser corrompido
pelos detetives para quebrar o
sigilo dos clientes.
Casos já apurados pela polícia de escuta não autorizada
mostra que a maior parte dos
funcionários são técnicos com
salários relativamente baixos.
Em 2006, a CPI do Tráfico de
Armas concluiu que o PCC
(Primeiro Comando da Capital) cooptara técnicos de empresas para que revelassem os
números que estavam sendo
monitorados pela polícia. Nenhum dos técnicos, segundo a
CPI, ganhava mais de R$ 1.200.
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