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Defesa de Dantas quer que delegados sejam investigados
Advogado de acusado de intermediar tentativa de suborno pediu a juiz a quebra do sigilo telefônico de Protógenes e Victor Hugo
Advogado de banqueiro também solicitou acesso a gravação de mais de 3 horas de conversa entre delegado e integrantes da cúpula da PF
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Advogados do banqueiro Daniel Dantas e de outros dois
réus, acusados de tentar subornar um delegado da Polícia Federal para que o banqueiro e familiares dele fossem excluídos
de uma investigação, querem
que os investigadores da Satiagraha sejam investigados.
Anteontem, durante audiência com o juiz Fausto Martin
De Sanctis, da 6ª Vara Criminal
Federal de São Paulo, o advogado Alberto Carlos Dias, que defende Hugo Chicaroni -tido
como um dos intermediários
de Dantas na tentativa de suborno-, pediu a quebra do sigilo telefônico dos delegados
Protógenes Queiroz e Victor
Hugo Ferreira.
"Nosso objetivo é mostrar
que foram os policiais que ligaram para o meu cliente. Foram
eles que pediram o dinheiro,
houve uma indução dos agentes federais para a ocorrência
de um crime", diz Dias. Pela jurisprudência, se houve indução
do agente inquisidor para ocorrência do delito, não há crime.
Na denúncia (acusação formal) apresentada à Justiça, o
procurador Rodrigo de Grandis
diz que intermediários de Dantas recorreram a Chicaroni para buscar uma aproximação
com o policial. Após receber o
primeiro telefonema do grupo,
Protógenes conseguiu autorização da Justiça para simular
uma negociação. Todos os encontros e as conversas telefônicas foram gravados.
Num dos diálogos, Chicaroni
diz ao delegado que Dantas "era
da alçada de US$ 1 milhão", valor total oferecido aos delegados. O policial, então, pergunta
o que deveria fazer em troca, se
deveria "abafar o caso". Chicaroni responde que ele teria de
afastar Dantas, a irmã Verônica
e o filho dela da investigação.
O Ministério Público e a PF
informam que "fica claro" nos
diálogos que a proposta de suborno partiu dos supostos intermediários do banqueiro.
O advogado de Dantas, Nélio
Machado, por sua vez, pediu
anteontem na Justiça que os
delegados fossem considerados
"parciais" e as declarações deles, considerados nulas. Protógenes e Victor Hugo são testemunhas do Ministério Público.
Ele também pediu o afastamento de Sanctis do caso, por
considerá-lo parcial.
O Ministério Público informou ontem que o órgão não comenta estratégias de defesa.
Os advogados de Dantas pediram a Sanctis o acesso à gravação das mais de três horas de
conversas entre Protógenes e
integrantes da cúpula da PF. A
reunião, em 14 de julho, na sede
da PF em São Paulo, antecedeu
o anúncio do desligamento do
delegado do caso.
Segundo Machado, a defesa
de Dantas teria direito a ter
acesso às fitas porque, potencialmente, as conversas abordariam temas relativos à causa.
Uma versão editada das gravações foi divulgada pela PF
quatro dias depois da reunião.
Os trechos foram selecionados
direção da PF.
Colaborou ROBERTO MACHADO, da Sucursal
do Rio
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