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Líder sem-teto chegou a São Paulo semi-analfabeta e hoje cursa direito
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Quando chegou em São Paulo
vindo da Bahia, em 1980, Maria
das Graças Xavier, 37, tinha concluído apenas a quarta série do
ensino fundamental. Ano que
vem, a líder sem-teto termina o
curso de direito.
Aos 14 anos, Graça -que diz
ainda não ter se acostumado com
o frio da cidade- foi morar com
a irmã mais velha, casada, que
morava na capital paulista. "Um
mês depois, eu já estava trabalhando", lembra.
Quatro anos mais tarde, em 84,
começou a atuar no movimento
sindical e na associação de bairro,
na Vila Olivieiro (zona sul de São
Paulo). Em 86, já era dirigente de
um movimento de moradia.
Hoje, Graça é uma das principais lideranças do movimento no
país. Integra a executiva da CMP
(Central de Movimentos Populares) -que abarca 200 entidades
de movimentos sociais urbanos-, composta por nove membros, e a executiva da UMM
(União dos Movimentos de Moradia).
Separada, voltou a estudar em
95, após 18 anos longe das carteiras escolares, e está no quinto ano
de direito.
Seu filho mais velho, Anderson
de Jesus Vieira, 19, estuda medicina em Cuba, beneficiado por uma
parceria do governo cubano com
a CMP.
Nesse momento, Graça participa da organização dos atos do
Grito dos Excluídos -protesto
organizado pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil) e por movimentos sociais
no Sete de Setembro.
Um dos objetivos da união dos
movimentos sociais, segundo ela,
é passar a elaborar sistematicamente projetos de lei de iniciativa
popular (que exigem subscrição
de 1% do eleitorado em cinco Estados). O próximo a ser apresentado ao Congresso, afirma, deve
propor a criação de cotas em todas as universidades públicas para alunos de escolas públicas.
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