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Responsável pela TV Brasil pede demissão e revela divergências
Orlando Senna diz ter saído por discordar dos "modelos de gestão" adotados
JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O cineasta e escritor Orlando
Senna deixou ontem o cargo de
diretor-geral da EBC (Empresa
Brasil de Comunicação), responsável pela TV Brasil, e revelou divergências com a gestão
da empresa. Outra diretoria, a
de Relacionamento e Rede,
também ficou vaga com a saída
de Mário Borgneth.
Senna afirmou à Folha que
um dos motivos que o levaram
a deixar a EBC é "não estar de
acordo com os modelos de gestão adotados pela empresa, que
espero que logo a própria empresa possa solucionar".
Em um texto endereçado a
"companheiros da atividade
audiovisual", Senna diz que a
forma de gestão adotada "concentra poderes excessivos na
Presidência, engessando as instâncias operacionais, que necessitam de autonomia executiva para produzir em série, como em qualquer TV".
Senna continua o relato afirmando que, feitos os ajustes
que ele considera necessários,
"a EBC/TV Brasil poderá cumprir o objetivo de liderar uma
comunicação pública plural,
isenta, inteligente, interativa e
formadora de cidadania".
O ex-diretor diz que não saiu
"brigado" da empresa e que outro motivo para deixar o cargo
é o cansaço depois de seis anos
de atividades no governo. Senna era secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura
antes da criação da TV pública
pelo governo Luiz Inácio Lula
da Silva, em dezembro.
Em nota, a empresa afirmou
que Senna deixou a empresa
por motivos pessoais e "considerando já ter dado sua contribuição para a implantação da
TV Pública no Brasil". Diz também que "a empresa agradece
seu empenho e dedicação que
foram fundamentais para os
primeiros passos da EBC".
A saída de Borgneth não foi
explicada na nota da EBC, que
se limitou a dizer que ele "também deu contribuição relevante, conduzindo até agora o diálogo com as emissoras educativas estaduais, com vistas à formação da rede pública de televisão". A Folha não conseguiu contato com o ex-diretor até a
conclusão desta edição.
Senna informou que elaborou um balanço da EBC no fim
do mês passado, o que, segundo
ele, pode auxiliar na modificação de alguns pontos delicados.
A EBC informou que as funções de Orlando Senna serão
"absorvidas transitoriamente"
por Tereza Cruvinel, diretora-presidente. Borgneth será
substituído provisoriamente
pelo diretor de serviços, José
Roberto Garcez.
Há dois meses, um jornalista
da TV Brasil, Luiz Lobo, acusou
o governo, depois de ser demitido, de interferência e controle na produção jornalística. À
época, Lobo disse à Folha que
havia na empresa "cuidado que
vai além do jornalístico".
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