|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Duda Mendonça prevê 2º turno contra Ciro
DA REPORTAGEM LOCAL
Os candidatos que vão chegar
ao segundo turno da disputa pela
Presidência serão conhecidos até
1º de setembro, avalia o publicitário Duda Mendonça, responsável
pelo marketing petista.
A campanha eleitoral no rádio e
na TV começa na terça-feira. Duda acredita que os seis programas
presidenciais das próximas duas
semanas, que irão ao ar às terças,
quintas e sábados, definirão aqueles que se enfrentarão no segundo
turno da eleição presidencial.
"Num quadro normal, o Lula
está com a posição assegurada no
segundo turno. Resta saber quem
será o adversário. No quadro de
hoje, para mim seria o Ciro. Se em
15 dias do horário eleitoral não
houver mudanças, ficará evidente
que o adversário do Lula será o
Ciro", disse Duda à Folha.
A tese do publicitário é que a
partir de 1º de setembro, na prática, começa o segundo turno, com
a reaglutinação de forças políticas
e costura de novos apoios que viabilizem uma maioria.
"A TV terá muito impacto na
campanha. A eleição está cheia de
altos e baixos. O marketing político se consolidou. As equipes estão
mais profissionais. Programas de
boa qualidade vão aumentar a audiência do horário eleitoral", diz.
Desde o ano passado, as principais lideranças do PT acreditavam e organizavam a campanha
do partido pensando que o adversário seria o candidato situacionista, no caso José Serra (PSDB).
Apesar de avaliar que o horário
da televisão ainda vai dar a Serra
um pequeno impulso eleitoral, a
maioria dos dirigentes do partido
avalia que o segundo turno será
entre Lula e Ciro.
Duda afirma que não tem preferência por enfrentar o candidato
do PPS ou o tucano. "Erra quem
começa a campanha escolhendo
adversário. Ainda mais quem está
na frente. O Ciro é problema do
Serra, pelo menos nos primeiros
15 dias", declara.
Duda tem gravado os seis primeiros programas de Lula que levará ao ar. Não usará âncoras ou
atores. Optará por programas temáticos sobre segurança, emprego, educação e saúde, por exemplo. Busca atingir as classes C e D,
mas sendo claro o suficiente para
atingir do eleitor mais elitizado ao
mais popular. "Em linhas gerais,
estamos dizendo como o PT governará o país", declara.
Não pretende atacar Ciro ou
Serra. Mesmo o presidente Fernando Henrique Cardoso não será um alvo direto, mas sim o modelo vigente. O programa terá
tom emocional, no sentido de
tentar transmitir mensagens que
atinjam o eleitor. Mas Duda nega
que isso signifique ser despolitizado. "Meus programas são políticos e muito fortes. Apenas a forma de mostrar que é diferente. Isso foi assimilado pelo PT."
O publicitário discorda de que
seja o responsável pela mudança
no discurso de Luiz Inácio Lula da
Silva, como frequentemente é
acusado. Nesta campanha, o candidato do PT tem evitado o máximo possível de confrontos, de
comprometimentos e de ataques,
na tentativa de evitar desgastes.
"As pessoas confundem o que é
marketing e o que é propaganda.
Para o PT, tenho feito mais propaganda do que marketing. Estou
trabalhando na forma. No conteúdo não preciso trabalhar. O
discurso é de responsabilidade do
PT. O que o Lula diz é de responsabilidade do Lula. Às vezes, participo da discussão", diz Duda.
Ele discorda de que a falta de experiência administrativa ou menor nível de escolaridade possam
prejudicar a aceitação de Lula pelo eleitorado. "Qual a função do
presidente da República? Comandar equipe. Isso o Lula fez a vida
inteira e faz há 22 anos no PT",
exemplifica.
O publicitário explica as razões
que o levaram a dar destaque não
só a Lula, como à mulher dele,
Marisa, durante a campanha. "As
pessoas não conheciam a Marisa,
não sabiam que o Lula tem família, é casado há 30 anos com a
mesma mulher, que tem netos.
Tudo isso, parece que não, mas
são sinais de equilíbrio", declara.
Duda não teme impactos negativos para Lula ou positivos para
Serra do encontro de amanhã entre os candidatos e FHC. "É necessário. Ninguém pode se negar a
encontrar o presidente num momento de uma crise como esta. A
crise é maior que o marqueteiro.
Se ele está chamando, é porque a
barra está pesada", diz.
(PLÍNIO FRAGA)
Texto Anterior: PMDB leva a FHC crítica a Nizan Guanaes Próximo Texto: Frases Índice
|