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Imprensa livre é tema de posse na ANJ
DA REPORTAGEM LOCAL
A nova diretoria da ANJ para
o biênio 2008-2010 tomou posse ontem, em São Paulo, em
meio a debate sobre a liberdade
de imprensa e homenagens.
A ANJ será comandada nos
próximos dois anos pela diretora-superintendente do Grupo
Folha, Judith Brito, em substituição a Nelson Sirotsky, diretor-presidente do Grupo RBS.
É a primeira mulher a assumir
a presidência da entidade.
Antes da posse de Judith Brito, foi concedido ao ministro do
STF Carlos Ayres Britto o 1º
Prêmio ANJ de Liberdade de
Imprensa, entregue por Elvira
Lobato, repórter especial da
Folha. Ayres Britto determinou, em fevereiro, a suspensão
em caráter liminar de grande
parte da Lei de Imprensa, que
impõe restrições à atividade
jornalística e que foi adotada
durante o regime militar.
Júlio César Mesquita, vice-presidente da ANJ e membro
do conselho de administração
do Grupo Estado, lembrou que
o STF poderá decidir, ainda
neste ano e de forma definitiva,
a manutenção da decisão de
Ayres Britto. "A lei em vigor é
um símbolo de um Brasil que
deve ficar no passado", disse.
Em seu discurso de posse, a
nova presidente da ANJ disse
que uma das prioridades da associação nos próximos anos será lutar para que a atividade de
imprensa no Brasil permaneça
livre de controles externos. "A
todo momento surgem projetos do Legislativo ou do Executivo que podem conter aspectos perigosamente autoritários", disse Judith Brito.
A posse foi acompanhada por
jornalistas, publishers e profissionais da área, além de representantes do Grupo Folha, entre eles seu presidente, Luís
Frias, e o diretor editorial, Otavio Frias Filho.
Sirotsky, que deixou o comando da ANJ ontem, também
fez uma defesa enfática da liberdade de imprensa. "Não
precisamos e não queremos
uma nova Lei de Imprensa,
mas uma normatização que
não impeça um direito maior, o
da liberdade de imprensa."
Presente ao evento como representante do Congresso, o
presidente da Câmara, Arlindo
Chinaglia, no entanto, defendeu que os parlamentares tenham a "liberdade e o direito"
de apresentar projetos relativos a uma nova lei para a atividade de imprensa. "Acho difícil
imaginar um setor da sociedade que não seja subordinado ao
ordenamento jurídico da própria sociedade", afirmou ele.
Para Chinaglia, chegar a consenso em relação ao tema será
um "desafio" para a sociedade.
Já o representante do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
no evento, o ministro Franklin
Martins (Secretaria de Comunicação Social), afirmou que "o
governo Lula garantiu a liberdade de imprensa" sem restrições. "Não como uma benesse.
O Brasil não admite mais viver
sem liberdade de imprensa, da
mesma forma que não admite
mais viver sem democracia."
O tema também recebeu os
comentários do governador interino de São Paulo, Alberto
Goldman, e do prefeito de São
Paulo, Gilberto Kassab. Também participou do evento o ex-presidente da ANJ Pedro Pinciroli Júnior.
Além da posse da nova diretoria da ANJ e da entrega do
prêmio, o vice-presidente das
Organizações Globo e vice-presidente da ANJ, João Roberto
Marinho, prestou homenagem
póstuma ao jornalista, e um dos
fundadores da ANJ, Demócrito
Dummar, morto há quatro meses e que comandava "O Povo",
do Ceará. A filha de Dummar,
Luciana, representou a família.
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