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Petista vê elos "mais sórdidos" de Dantas com outros partidos
Para Chinaglia, presidente da Câmara, não há vontade política de apurar denúncias da Operação Satiagraha no Congresso
"Se tiver alguém do PT com um grau de relação com o Dantas é preciso saber quem é; se tiver de responder, que responda", afirma deputado
Alan Marques - 15.jul.08/Folha Imagem
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O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, durante reunião
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Líder do governo durante a
CPI dos Correios, o atual presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), avalia que não
há vontade política de apurar
denúncias feitas pela Operação
Satiagraha no Congresso.
Em entrevista à Folha, o deputado disse acreditar que
Dantas tem "ligações mais sórdidas com outros partidos do
que com o PT", mas cobrou explicações de eventuais relações
de petistas com o banqueiro.
FOLHA - A Operação Satiagraha está repercutindo de forma diferente
no Congresso. Em casos menores, se
vê muita gente pedindo CPI. Agora,
nem a oposição está empenhada
em investigar o caso. Vemos apenas
vozes isoladas. Por quê?
CHINAGLIA - Também percebo
isso. Sempre houve no Congresso aqueles que surfavam na
crista da onda, que pediam CPI
quando tudo já estava esclarecido ou pela polícia ou pelo Ministério Público. A cobrança é
devida, mas não cabe a mim
responder. Não acredito em
voz isolada, porque muitas vezes a voz isolada quer só surfar.
Temos que cobrar de quem
tem que ser cobrado. Essa pergunta deve ser dirigida àqueles
-que a imprensa sabe quem
são- que o tempo todo pedem
CPI. Neste momento, é evidente que ninguém pediu.
FOLHA - Por essa falta de vontade
de investigar, fica clara a relação de
setores do Congresso com o Daniel
Dantas? O sr. sabe da relação de pessoas do seu partido com ele?
CHINAGLIA - Bom, eu vejo [a relação de Dantas com políticos]
porque eu leio. Mas, até onde
eu sei, as ligações do Daniel
Dantas são muito mais sórdidas com outros partidos, até
onde eu sei, do que com o PT. A
fortuna dele é anterior ao governo atual. E os parlamentares do PT foram os que, na CPI
dos Correios, fizeram todos os
requerimentos.
Como sou do PT e nessa época eu era líder do governo, estou apenas esclarecendo que
foi meu partido que exigiu, propôs que o Daniel Dantas fosse
investigado. Então, se tiver alguém do PT com um grau de relação com o Daniel Dantas, é
preciso saber quem é. Se tiver
de responder, que responda.
FOLHA - O sr. é favorável a uma CPI
exclusiva para investigar os desdobramentos da Satiagraha?
CHINAGLIA - Eu sempre parto de
um pressuposto. A CPI irá
acrescentar algo ou vai apenas
repercutir, bater bumbo, de
forma a se aproveitar do trabalho que outros já fizeram? Eu
acho que nesse caso [da Satiagraha] o mérito é de quem investigou por quatro anos.
Se foram Ministério Público,
Polícia Federal e Abin, esses
merecem reconhecimento da
sociedade, inclusive o meu.
Portanto, se dependesse de
mim, eu não proporia CPI, tanto se eu fosse governo como se
eu fosse oposição, pois já estaria feito. Ainda não vejo como
uma CPI poderia acrescentar
algo de fato útil.
FOLHA - E a CPI das Escutas Telefônicas vai ter espaço para investigar?
CHINAGLIA - A questão é a seguinte: a CPI tem regras. Qual o
fato determinado que a CPI investiga? Não quero que fique
parecendo que eu sou contra
investigação. Pelo contrário, eu
sou contra oportunistas, contra
aqueles que querem surfar na
crista da onda, venham de onde
vierem. Por que acho que você
poderia se perguntar o que a
CPI dos Grampos poderia
acrescentar ao trabalho que já
foi feito? A partir daí, ela própria responda se tem algum papel a jogar ou não.
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