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BRASIL PROFUNDO
Vigia trabalhou trancado durante 11 meses em SP
DA REPORTAGEM LOCAL
Por 11 meses e 23 dias, o ex-vigia Josias Pereira da Silva, 24, trabalhou "trancado" no depósito de
bebidas Jardim Iguatemi. O caso
ocorreu no bairro de mesmo nome, na zona leste de São Paulo.
"Quando fui contratado, ninguém me disse que eu ficaria trancado por dentro, sem as chaves do
local", diz Silva, que trabalhou de
segunda a sábado, das 17h30 às
8h, com oito cadeados do lado externo do depósito. Aos domingos,
diz, a jornada começava às 12h30
e terminava às 8h do dia seguinte.
Também não havia folgas semanais. "Minha maior preocupação era passar mal e não ter socorro." O ex-vigia, que recebia R$
358 e afirma ter trabalhado de
agosto de 2000 a março de 2001
sem registro, diz que a comida vinha pelo vão inferior do portão de
ferro. "Minha mulher trazia uma
marmita por volta das 21h. Ela
agachava e passava a comida por
baixo do portão." Silva conta que
saiu do local em julho de 2001.
Para o advogado Sebastião
Moacyr Bechara Figueiredo, que
defende o ex-vigia em processo
trabalhista contra o depósito, a
empresa manteve Silva em situação de cárcere privado. "A empresa privou, ainda que por um período determinado, o funcionário
do seu direito de ir e vir." Na ação,
o ex-vigia quer o pagamento do
piso da categoria (R$ 501) e indenização por ter ficado "trancado".
Inês Aparecida Gamba, proprietária do depósito, e seu marido, Hélio Gamba, disseram não
saber que era proibido trancar
funcionários. Após a Folha ir ao
local, eles retiraram os cadeados.
"Se for [proibido", estou sabendo agora." Sobre os cadeados,
Gamba disse que "ninguém tranca ninguém, ele [Silva" está mentindo". Segundo eles, o ex-funcionário recebeu o que tinha direito e
havia folgas semanais.
(CR e FF)
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