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Serra acusa embaixador da Venezuela de "patrulhamento"
DA ENVIADA A CAMPINAS
O candidato José Serra (PSDB)
acusou o embaixador da Venezuela, Vladimir Villegas, de "patrulhar" sua campanha à Presidência da República. O tucano
discursou ontem num evento
promovido pelo diretório estadual do partido, em Campinas,
interior paulista.
"Agora virou moda até o embaixador de outros países, como o da
Venezuela, vir me patrulhar. Eu
não disse nada demais. Todos sabem que o PT tem afinidades com
o governo da Venezuela. Por que
negar isso?"
Villegas disse anteontem que
Serra está fazendo uma "campanha sistemática" contra a Venezuela. Classificou isso de um
"atentado contra a democracia"
do seu país e disse que são "pouco
amistosas e sem consideração" as
afirmações do tucano em relação
ao presidente Hugo Chávez.
No mesmo dia, o presidente
Fernando Henrique Cardoso disse que as comparações feitas por
Serra envolvendo Brasil, Argentina e Venezuela são "superficiais".
E o ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, afirmou que as
declaração do candidato tucano
podem atrapalhar as relações comerciais entre os três países.
Durante o discurso, Serra assegurou que defenderá a "legalidade democrática" na Venezuela de
onde estiver. Mas lamentou a declaração do embaixador.
"Qual é o patrulhamento? Eu dizer que o Chávez, na campanha,
prometeu o céu e estão [os venezuelanos" muito longe do céu,
muito abaixo do céu? O desemprego na Venezuela é mais do dobro do que no nosso país."
"Direito de crítica
O presidenciável disse ainda
que PSDB recebe bem críticas que
lhe são feitas por estar acostumado à democracia. "Do lado de lá
todo mundo fala mal do Fernando Henrique e do governo e ninguém fica patrulhando porque estamos numa democracia e acostumados a respeitar o direito de
crítica", afirmou.
Referindo-se às mudanças pregadas por seu adversário, Luiz
Inácio Lula da Silva (PT), Serra
disse que a Argentina e a Venezuela elegeram presidentes que
prometeram mudanças e o resultado foi negativo. "Eles [Fernando
de la Rúa, que renunciou, e Chávez" trouxeram mudanças, mas
para muito pior".
Depois do discurso de Serra -
que não concedeu entrevista -, o
deputado federal reeleito Alberto
Goldman falou em nome da campanha tucana. Para o deputado,
as declarações do presidente e do
ministro são condizentes com os
cargos que ocupam. Já os candidatos não precisariam ter este tipo de cautela.
Cerca de 1.500 pessoas (cálculo
da organização) compareceram
ao evento. Estavam presentes o
governador e candidato a reeleição Geraldo Alckmin (PSDB-SP),
26 prefeitos da região e deputados
federais eleitos pelo partido.
Os discursos, incluindo o de
Serra, foram duros com o PT e
tentaram animar a militância,
diante do mal desempenho de
Serra nas pesquisas: "O PT tem
duas caras: a da TV e a do MST",
disse o candidato, que afirmou
ainda que há o PT da "tropa de
choque", do Rio de Janeiro.
Todos pregaram que chegou a
"hora da virada" de Serra. Goldman disse que o tucano ainda tem
chances de se eleger e citou eleições ganhas na última semana.
Carlos Sampaio, deputado federal eleito pelo PSDB, disse que o
PT é um partido que "quer libertar sequestradores e que hoje pede a Rota nas ruas". Salvador
Zimbaldi, também eleito para a
Câmara, disse que José Genoino,
candidato do PT ao governo de
São Paulo, "não acredita em Deus,
na família" e ainda trabalhou a favor do aborto na Constituição.
(GABRIELA ATHIAS)
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