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BrT tinha "sala de escuta" durante a gestão de Dantas
Auditoria após saída de banqueiro do controle da empresa encontrou equipamento
Perícia contratada por novos
controladores da telefônica
localizou pagamento de
R$ 29 mi para a Kroll, que
teria espionado o governo
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Alvo de interceptação de telefones e de e-mails, feita com
ordem judicial na Operação Satiagraha da Polícia Federal, o
banqueiro Daniel Dantas montou uma "sala de escuta" durante sua passagem pela companhia telefônica Brasil Telecom, controlada pelo banco
Opportunity até 2005.
Os equipamentos na sala foram descobertos por uma auditoria interna realizada em novembro de 2005 pelos novos
controladores da BrT. A sala
funcionava num andar abaixo
da presidência da empresa, no
SIA Sul (Setor de Indústria e
Abastecimento), em Brasília.
No teto da sala, os auditores
encontraram cabos para "monitorar outros ambientes". O
local era freqüentado por fornecedores da empresa, jornalistas e outros visitantes.
Os auditores crêem que tudo
o que era conversado na sala
era gravado sem conhecimento
dos visitantes. "Foi localizada
uma sala no 1º andar, bloco A,
utilizada como central de escuta. A pessoa que fazia uso desta
sala era (...) (ex-funcionário da
BrT, gerente de videoconferência/inteligência), para monitorar outros ambientes (dados,
voz e imagem). Essas informações foram confirmadas pelo
(gerente de controle de serviços). Foram encontrados os cabeamentos para ligação de
equipamentos de vídeo, tubulação exclusiva e infra-estrutura de dados elétrica", diz relatório da auditoria da ICTS Global,
contratada pela BrT.
A auditoria também detectou movimentações de madrugada e à noite nesse andar cerca
de 30 dias antes do início do
trabalho dos auditores. Por
meio de imagens do circuito interno, diversos funcionários foram flagrados transportando
caixas, sacolas e mochilas.
"Foi possível identificar, pelas movimentações de pessoas
nas imagens, que houve saída
de caixas do andar da Presidência [da telefônica], no dia 29/09
por volta da 01h00, 22h00,
23h00, 23h20 e 23h30, mas em
quantidades pequenas. Não há
como identificar o conteúdo e
os destinos das caixas."
Foi feito um desmonte do
sistema de gravações. "O sistema de monitoramento eletrônico (...) da área da presidência
em Brasília foi desativado um
mês antes de sua destituição,
não existindo assim os registros de segurança dessa área da
empresa, nesse período, segundo [informou o gerente de segurança]", citou o relatório.
A auditoria também localizou pagamentos de pelo menos
R$ 29 milhões para a empresa
de consultoria Kroll. As ligações da Kroll com Daniel Dantas foram expostas em reportagem da Folha de 2004. A Kroll
foi contratada, segundo confirmaram investigações da Polícia
Federal, para acompanhar e
produzir dossiês, por interesses de Dantas, sobre altos integrantes do governo federal.
"Contratação da Kroll, com pagamentos efetuados pela BrT,
para levantamento de informações usadas em disputas entre
os acionistas", diz a auditoria.
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