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Governo estima corte neste ano de 500 mil cestas básicas
Redução se deve à alta da inflação; atingidos estão em situação de insegurança alimentar
No ano passado, famílias
esperaram pouco mais de
dois meses por cada cesta;
agora, intervalo pode ficar
próximo dos três meses
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Por conta do alto ritmo da inflação dos alimentos, o governo
federal estima que deixará de
distribuir neste ano cerca de
500 mil cestas básicas às famílias consideradas em "situação
de insegurança alimentar".
Sem-terra, quilombolas, indígenas e atingidos por barragens, entre outros, integram esse rol de beneficiários. A maioria deles está em acampamentos, debaixo de barracos de lona
e, sem endereço fixo, fora do
Bolsa Família, principal programa de transferência de renda do governo federal.
No ano passado, o governo
distribuiu a essas famílias 2 milhões de cestas. Para este ano,
por conta da alta do preço dos
alimentos, a estimativa do governo é de 1,5 milhão de cestas.
Os recursos e os estoques da
agricultura familiar disponíveis para a montagem das cestas estão próximos aos do ano
passado, enquanto os produtos,
puxados por feijão, óleo e farinha de trigo, subiram neste ano
uma média de 23% em relação
à média final de 2007.
"Isso [1,5 milhão de cestas
em 2008] é uma estimativa
nossa", afirma João Cláudio
Dalla Costa, superintendente
de Programas Institucionais e
Sociais de Abastecimento da
Conab (Companhia Nacional
de Abastecimento), responsável pelos leilões eletrônicos nos
quais são adquiridos os produtos da cesta básica.
Nos leilões da Conab do ano
passado, o quilo do feijão foi negociado a R$ 1, em média. Nos
primeiros meses deste ano, saltou a R$ 2,46, avanço de 136%.
Nos leilões, a lata de óleo para a
cesta subiu de R$ 1,93 para
R$ 2,82, e a farinha de trigo, de
R$ 1 para R$ 1,24, o quilo.
"O mercado muda bastante, e
os preços podem baixar. Com
isso vamos entrar no mercado,
comprando e estocando, e o
atendimento pode voltar à normalidade. E a expectativa é que
[o mercado] volte à normalidade", afirma Dalla Costa.
A falta de cesta nos acampamentos muitas vezes é sinônimo de confusão. Ao sinal de
atraso, os movimentos invadem prédios públicos e pressionam o governo a acelerar o processo de distribuição.
No ano passado, as cerca de
350 mil famílias em situação de
"insegurança alimentar" cadastradas pelo governo aguardaram, em média, pouco mais de
dois meses para receber cada
cesta. Para este ano, a estimativa é que o intervalo fique acima
de dois meses e meio, podendo
chegar até a três meses.
Sem incluir o valor do ICMS
(Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços), que
varia de acordo com o Estado, o
custo de uma cesta básica para
uma família do Nordeste, por
exemplo, passou de R$ 33,16,
em 2007, para R$ 39,93, no início deste ano, um crescimento
de 20,41% nos leilões eletrônicos da Conab.
Cada cesta possui oito itens e
pesa 22 quilos. No Norte e Nordeste, a farinha de trigo e o fubá, itens das cestas de Centro-Oeste, Sul e Sudeste, dão lugar à
farinha de mandioca e aos flocos de milho.
Três órgãos do governo são
responsáveis pela cesta. O recurso sai do Ministério do Desenvolvimento Social, a Conab
organiza os leilões e, por fim, o
Incra (Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária) distribui as cestas.
Em 2007, o ministério repassou R$ 46 milhões à Conab para a compra de cestas, contra
R$ 41,4 milhões liberados, por
enquanto, para este ano.
Como ano a ano o volume é
insuficiente, o restante dos
produtos é incluído nas cestas
por meio de um programa federal que proporciona uma espécie de renda mínima aos agricultores familiares -o chamado PAA (Programa de Aquisição de Alimentos). Dos 2 milhões de cestas distribuídas em
2007, 58,1 mil foram destinadas a famílias em "situações especiais", como vítimas de enchentes.
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