|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Diretor da Abin diz na CPI que é normal cooperar com a PF
Lacerda refutou as acusações feitas por Daniel Dantas de que a Satiagraha teria sido feita em retaliação ao banqueiro
Em depoimento, diretor nega que a agência tenha feito escutas telefônicas no gabinete do presidente
do STF, Gilmar Mendes
MARIA CLARA CABRAL
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O diretor-geral da Abin
(Agência Brasileira de Inteligência), afirmou ontem, em depoimento à CPI dos Grampos,
que a atuação da agência na
Operação Satiagraha se limitou
à realização de consultas em
bases de dados abertas, pesquisas, análises de material e confirmação de endereços -inclusive com trabalhos externos.
Segundo ele, não há nenhum
documento que tenha formalizado o pedido de apoio da Polícia Federal à Abin, mas que esse tipo de cooperação entre órgãos da administração pública
é normal. Conforme Lacerda, a
agência cumpriu todos os trâmites burocráticos para a realização do trabalho.
Lacerda refutou as acusações
feitas por Daniel Dantas de que
a Satiagraha teria sido desencadeada em retaliação ao banqueiro. Disse que isso é uma estratégia de defesa formulada
pelos advogados dele.
O diretor confirmou que há
dois indícios de que Dantas realizou escutas telefônicas ilegais. Uma teria sido feita com a
ajuda da empresa americana
Kroll para investigar os passos
da Telecom Italia. O outro indício teria sido detectado em um
inquérito, aberto a pedido de
Lacerda, para checar se ele tinha contas no exterior, conforme consta de um dossiê que teria sido produzido a mando de
Dantas e divulgado pela "Veja".
Na CPI, na semana passada,
Dantas disse que a PF articulou
a Satiagraha porque o diretor
da Abin sentiu-se incomodado
com a reportagem da revista.
No depoimento, Lacerda negou que a Abin tenha realizado
grampos no Supremo Tribunal
Federal ou em qualquer "local
público ou privado", conforme
sugerido em reportagem publicada pela "Veja". Ele desqualificou a notícia divulgada, que
responsabilizou a agência por
fazer escutas direcionadas ao
presidente do STF, Gilmar
Mendes. "Penso ser inaceitável
que repórteres se aventurem
em reportagem sem nenhuma
base em fatos ou que se lancem
meras ilações, e mesmo suposições fundadas em meias verdades. A matéria da revista "Veja"
foge ao padrão de isenção jornalística que há muitos anos
mantém a credibilidade daquele veículo", disse.
Sem dar detalhes de quantos
agentes participaram da Satiagraha, ele disse que a atuação é
juridicamente sustentável e foi
pedida pelo delegado Protógenes Queiroz, que comandava a
operação, para conhecidos seus
na agência. Esses agentes, segundo Lacerda, levaram a reivindicação a seus superiores,
que, por sua vez, comunicaram
a ele. Todos autorizaram a
atuação, com a anuência final
do próprio Lacerda, que disse
não ter recebido informações
sobre a operação.
Em nota divulgada em 14 de
julho, a Abin afirmou que a "Direção Geral não tem e não teve
nenhuma participação ou iniciativa, muito menos ingerência, nos fatos que resultaram na
referida operação policial".
Advogado de Dantas, Nélio
Machado negou que seu cliente
tenha realizado escutas clandestinas. A "Veja" não se manifestou sobre as críticas.
Sobre o chefe-de-gabinete da
Presidência, Gilberto Carvalho,
Lacerda disse que, o Gabinete
de Segurança Institucional, pediu informações sobre investigações contra Humberto Braz,
aliado de Dantas. Ontem, a Câmara prorrogou a CPI por mais
90 dias, ou seja, até dezembro.
Texto Anterior: Rio de Janeiro: TJ rejeita o recurso de Álvaro Lins para recuperar mandato Próximo Texto: Frase Índice
|