São Paulo, domingo, 21 de novembro de 2004

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REFORMA MINISTERIAL

Presidente disse que pretende "cortar na própria carne"

Lula promete nova pasta a PMDB

FERNANDA KRAKOVICS
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em jantar com a bancada de senadores do PMDB, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro que vai dar um terceiro ministério à legenda, sinalizando ainda que vai mexer no núcleo palaciano na reforma iniciada na semana passada com a demissão de Carlos Lessa do BNDES. "Dois ministérios para o PMDB é pouco", disse, segundo o relato de vários peemedebistas.
Por cerca de quatro horas e meia, Lula fez elogios à legenda, que possui a maior bancada do Senado e a segunda maior na Câmara e que ameaça abandonar a aliança governista.
Segundo os presentes ao encontro, realizado na noite de anteontem e madrugada de ontem na casa do ministro Amir Lando (Previdência), Lula disse que não vai deixar que "uma minoria estrague uma coalizão" e que pretende "cortar na própria carne".
A referência é direcionada aos setores do PT contrários ao aumento de espaço no governo para partidos como o PMDB e o PP. O presidente teria reconhecido que o relacionamento com o PT é "muito difícil".
Embora não tenha falado em postos, o PMDB faz pressão para que o terceiro ministério da legenda seja Integração Nacional (de Ciro Gomes, do PPS) ou Cidades (de Olívio Dutra, do PT).
O primeiro resultado do encontro é que já há uma articulação para abafar a possibilidade de que a convenção nacional da legenda, marcada para o dia 12, resulte no desembarque peemedebista do governo. "Foi um sucesso absoluto. Acho que os problemas agora são pontuais", afirmou o senador João Batista Mota (ES). O senador Gilberto Mestrinho (AM) e o líder da bancada no Senado, Renan Calheiros (AL), articulam a divulgação de um documento contrário à saída do governo.

Reeleição sepultada
Os peemedebistas afirmam ter ouvido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a confirmação de que a emenda que permitiria a reeleição das presidências da Câmara e do Senado está sepultada.
"A reeleição é um assunto encerrado, vamos agora para um novo capítulo", disse o presidente durante o jantar, segundo o relato de presentes. Ele também teria reconhecido o direito de o partido indicar o próximo presidente do Senado, por ser a maior bancada.


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