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UM ANO DE LULA
Dos entrevistados, 41% consideram que falta de empregos é o maior problema do país, mas taxa já foi maior
Para 72%, petista ainda não começou a reduzir desemprego
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de bem avaliado, fica
bem claro na pesquisa Datafolha
qual é o ponto fraco do governo
do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva: o desemprego. O problema
é citado como o principal do país
por 41% dos entrevistados. Para
39%, combater o desemprego foi
a principal promessa de Lula.
Entre os eleitores (54%) que se
lembram de alguma promessa
feita por Lula na campanha, 72%
respondem que o petista ainda
não começou a cumprir o que
prometeu a respeito de combater
o desemprego.
Para 38% dos entrevistados, o
desemprego vai aumentar. Outros 21% acreditam que ficará como está, enquanto 37% esperam
uma redução da taxa.
Como a maioria dos entrevistados (51%) acha que governo de
Lula é melhor do que o de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), uma explicação está na
sensação sobre o desemprego que
os eleitores tinham durante a administração tucana.
Durante o governo de FHC,
houve picos de 53% de respostas
apontando o desemprego como o
principal problema brasileiro
-como em dezembro de 1999, final do primeiro ano pós-reeleição
do tucano. A percepção do problema, portanto, chegou a ser
muito mais aguda durante alguns
períodos do governo anterior.
No caso de Lula, o percentual já
foi mais alto: 46% achavam o desemprego o problema mais grave
no mês de outubro. Hoje, os 41%
refletem o reaquecimento sazonal
da economia, que historicamente
cria mais vagas de trabalho no comércio no último bimestre por
causa das vendas de final de ano.
Para 26% dos entrevistados, o
combate ao desemprego é a área
em que o governo Lula está se
saindo pior. Essa percepção é generalizada em todas as faixas etárias e em todas as classes socioeconômicas, segundo o Datafolha.
Entre os pesquisados de 25 a 34
anos, 30% acham que o combate
ao desemprego é onde o governo
Lula está se saindo pior.
Depois do emprego, o combate
à violência (9%) e a política para a
saúde (7%) são as áreas consideradas menos eficazes pelos eleitores pesquisados pelo Datafolha.
Promessas
Entre as promessas eleitorais de
Lula identificadas pelos eleitores,
depois do combate ao desemprego, a segunda mais citada como
mais importante foi uma política
para a fome e a miséria: 26%
apontaram esse item.
Em terceiro lugar e bem abaixo,
com apenas 5%, vem "aumentar
salários". Com 3%, a reforma
agrária. E, um sinal dos tempos,
apenas 1% apontam a luta contra
a inflação como uma promessa
eleitoral do petista.
Apesar do programa Fome Zero
ter apresentado problemas no início de sua implantação, os eleitores acreditam hoje que Lula está
cumprindo sua promessa. Para
70%, o governo começou a atuar
nessa área, e 62% acreditam que o
petista cumprirá o que prometeu.
Há muita esperança nas respostas. Mesmo no caso do desemprego, área considerada insatisfatória pelos entrevistados, 54% acreditam que o governo federal vai
acabar cumprindo a promessa
eleitoral de Lula. Durante a campanha, ele falava na necessidade
de criar 10 milhões de empregos
no Brasil em quatro anos, embora
recentemente tenha dito que isso
nunca foi uma promessa.
Para 53% dos brasileiros, Lula
também deve cumprir a promessa de aumentar os salários. E 56%
acham que o presidente fará a reforma agrária.
Menos otimismo
Os eleitores continuam otimistas com o governo e o futuro, mas
agora há sinais de menos entusiasmo do que havia meses atrás.
Para 35%, o poder de compra
dos salários vai aumentar daqui
para a frente. Outros 28% acham
que vai diminuir e 31% acreditam
que ficará igual.
No início do ano, 40% acreditavam num aumento do poder de
compra. O percentual recuou para 35% em outubro e permaneceu
inalterado -numa demonstração de que o aquecimento da economia neste Natal não foi suficiente para animar o eleitorado.
Para 28%, o poder de compra
vai ser reduzido. Há algumas faixas do eleitorado que estão mais
pessimistas: 37% dos entrevistados com nível superior e dos que
têm renda per capita acima de dez
salários mínimos acham que vão
perder poder de compra nos próximos meses.
Em relação à expectativa de inflação, para 34% a taxa vai aumentar. Esse percentual foi muito
maior no início do ano (44%), recuou para 30% em outubro e agora voltou a subir.
Entre as camadas mais pobres,
existe uma percepção de inflação
maior no futuro. Para 39% das
classes D/E os preços vão subir. E
para 38% dos entrevistados apenas com o ensino fundamental
também existe a impressão de
que a inflação irá aumentar.
(FERNANDO RODRIGUES)
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