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FORÇAS ARMADAS
Embraer não recebe presidente da Sukhoi
Rússia diz que "empresta" 12 caças ao Brasil se ganhar licitação da FAB
IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Rússia ofereceu a cessão imediata de 12 caças para suprir as necessidades do Brasil no hiato entre a aposentadoria dos atuais Mirage e a chegada dos aviões "zero
quilômetro", caso seja escolhida
para fornecer o novo supersônico
da FAB (Força Aérea Brasileira). E
confirmou que quer a Embraer
como parceira caso ganhe a concorrência F-X, como o negócio de
US$ 700 milhões é conhecido.
"Temos uma solução para o caso", disse o presidente da Sukhoi,
Mikhail Pogosyan. Ele encerrou
no dia 19 uma visita de dois dias a
autoridades no Brasil como parte
de uma missão de empresários
russos que querem aumentar o
comércio bilateral, hoje estimado
em US$ 2 bilhões anuais.
Sua solução são 12 caças Sukhoi
Su-27, a versão anterior do modelo oferecido ao Brasil, o Su-35. O
problema todo é que, qualquer
que seja o avião escolhido pela
FAB, ele não estará disponível antes de 2007 para suprir a defesa
aérea do Brasil quando os Mirage
forem aposentados. E essa aposentadoria começa no fim deste
ano, criando a ameaça de um
"apagão" no Grupo de Defesa Aérea baseado em Anápolis (GO),
que cobre o centro-sul do Brasil.
"Além disso, de uma só vez o
país conta com aviões que já são
mais avançados que os atuais Mirage e fazem a transição para o
equipamento do F-X", disse o representante do consórcio russo
que oferece do Su-35 no Brasil,
Luiz Mauro Vianna Camargo.
Outros concorrentes na disputa
também apresentaram opções
para esse "apagão". A Lockheed
americana sugeriu o uso de versões antigas do F-16, por exemplo,
só que em forma de leasing. No
caso russo, o país pagaria apenas
o seguro dos aparelhos.
"Vamos negociar obrigatoriamente", disse Pogosyan sobre a
eventual associação com a Embraer. Ele confirmou, conforme a
Folha havia publicado em dezembro, que a negociação envolve o
mercado de aviação civil. O governo já anunciou que a indústria
nacional participará do processo.
A Embraer não aceita a proposta, mesmo porque é concorrente
direta da Sukhoi no fornecimento
dos caças. Os russos ofertam o Su-35, em associação com a brasileira
Avibrás. Já a Embraer é sócia dos
franceses da Dassault na oferta do
Mirage 2000BR.
Pogosyan e o diretor-geral da
Sukhoi, Andrei Belianinov, chegaram a visitar a Embraer em São
José dos Campos, como integrantes da missão russa. Foram barrados. O incidente deixou o Comando da Aeronáutica contrariado, mas nem os russos nem a Embraer comentam o caso.
A Sukhoi rebateu críticas ao
custo operacional de seu avião. O
consórcio que oferece o anglo-sueco Gripen diz que o Su-35 custa até dez vezes mais para voar
que o seu modelo -cuja hora-vôo é estimada em US$ 2.300.
"Isso é uma inverdade, e eles parecem não ser bons de contas,
porque disseram que o avião era
dez vezes mais caro para operar e
gastava três vezes mais combustível. Não fecha", disse Camargo.
A hora-vôo do Sukhoi custa
US$ 8.000. Argumentam os russos que é bom negócio porque um
aparelho, por ter duas turbinas e
maior capacidade de carregar armas e combustível, pode fazer sozinho o serviço de oito Gripen ou
de seis Mirage. De todo modo,
não serão as considerações puramente militares que definirão o
vencedor, que deve ser anunciado
em março. As compensações comerciais e considerações geopolíticas darão o tom da decisão.
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