São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

PFL diz que governo do PT é "corja" e que Lula é "ladrão"

Em convenção, pefelistas formalizam apoio a Alckmin em meio a ataques ao presidente

ACM diz que o Planalto deve ser higienizado, e Roberto Arruda chama presidente de bêbado; Alckmin se limita a criticar uso eleitoral de obra


SILVIO NAVARRO
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PFL formalizou ontem seu apoio à candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) na disputa presidencial em um ato pontuado por discursos que chamaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de "ladrão" e seu governo de "corja". Insinuaram que ele abusa de bebidas alcoólicas e que o Palácio do Planalto precisa ser "higienizado". O tucano, entretanto, evitou ataques diretos ao petista.
O bombardeio contra o governo Lula começou logo na abertura da convenção nacional do PFL, que aprovou por aclamação a coligação com o PSDB. O presidente do partido, senador Jorge Bornhausen (SC), disse que era preciso impedir que o presidente da República, "conivente com os corruptores, fuja do debate sobre os escândalos e crimes do seu infeliz governo".
O pronunciamento de Bornhausen iniciou uma série de duros discursos, que tiveram seu apogeu na fala do senador Antonio Carlos Magalhães (BA). "Temos de mostrar ao Brasil o verdadeiro Lula, não o Lula que paga publicidade na imprensa e na TV, mas o verdadeiro Lula, o Lula ladrão."
ACM também afirmou que o "Palácio do Planalto precisa ser higienizado" nas próximas eleições e se referiu ao presidente Lula como "doutor na roubalheira e no cinismo".
Candidato a vice na chapa de Alckmin, o senador José Jorge (PE) subiu o tom ao dizer que "a praga que nos aflige é a traição de um conterrâneo mal aculturado".
Ele direcionou seu discurso para as questões do Nordeste, onde Lula lidera as pesquisas de intenção de votos. "Sou Nordeste. Não um nordestino desnaturado como Lula, quem nem ao menos respeita sua extraordinária saga emigrante."

Sem-terra na Câmara
A depredação da Câmara pelo MLST (Movimento pela Libertação dos Sem-Terra) foi um dos temas centrais dos discursos, que defenderam o direito à propriedade privada. "Hoje temos medo da propriedade privada invadida com dinheiro público, de movimentos sustentados com dinheiro público. Invade e depois é recebido no Planalto", disse o líder da oposição, José Carlos Aleluia (BA).
"A invasão [da Câmara] é para passar o recado ao Brasil de que a propriedade privada no país é coisa para inglês ver", disse o líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN).
Ele também centrou fogo no ministro Márcio Thomaz Bastos. "O ministro da Justiça desse governo é quem prepara o ardil da farsa do caixa dois, é quem arma a farsa para que a quebra do sigilo do Francenildo tenha alguma explicação. Esse é o guardião da lei", disse.
Candidato ao governo do Distrito Federal, o deputado José Roberto Arruda comparou, sem citar nomes, Lula a um piloto de avião bêbado. Ele contava uma história na qual descobria que um "companheiro de boteco" era o piloto de um avião. "O Brasil é o avião e eu não gostaria de encontrar pilotando esse avião um antigo companheiro de boteco."
Alckmin foi o último a falar na convenção, que reuniu cerca de 300 pessoas no Senado. Foi recebido ao som do "Tema da Vitória", que marcou a carreira do piloto Ayrton Senna, e, ao discursar, a maioria da platéia já havia deixado o auditório.
Ele disse que o governo gastou R$ 1,5 bilhão em publicidade de estatais e que vive de "mentira política", listando obras que, diz, não saíram do papel. Citou a rodovia Transnordestina, a transposição do rio São Francisco e o Banco Popular. "Inauguração de pedra fundamental no final de governo, obras que não têm terreno, é a mentira política reiterada."
Um dos principais críticos da campanha tucana, o prefeito do Rio, Cesar Maia, foi o único a trocar as farpas ao Planalto por sugestões de governo. Defendeu a revitalização das Forças Armadas e pediu a Alckmin que, se eleito, "tire as patas da Fazenda sob o Senado".


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