São Paulo, domingo, 22 de junho de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Vento a favor

Enquanto os tucanos se matam em São Paulo, o PT festeja os resultados de ampla pesquisa encomendada ao instituto Vox Populi, que será apresentada oficialmente amanhã à direção nacional. Os números indicam vigorosa recuperação do partido e do governo Lula no Sul e no Sudeste, após o estrago causado pelo mensalão e outros escândalos do primeiro mandato.
A aprovação ao governo superou a rejeição nas duas regiões. Na média nacional, o PT é apontado como sigla preferida por 26% dos entrevistados, seguido de longe pelo PMDB, com 7%, e pelo PSDB, com 5%.
A pesquisa, que incluiu intenção de voto nas principais capitais, confirmou levantamentos recentes ao apontar ligeira vantagem de Marta Suplicy sobre Geraldo Alckmin na liderança em São Paulo.

Carona. A recuperação de Lula no Sudeste, notadamente em São Paulo, também aparece em pesquisas feitas para o PSDB -que não ignora o benefício potencial para Marta.

Decibéis. Para abafar eventuais protestos de tucanos kassabistas, os apoiadores de Geraldo Alckmin levarão à convenção do PSDB, hoje, a bateria da Vai-Vai. Esperam ainda o padre Marcelo Rossi.

Afinidades. Em conversa recente, Alckmin disse a Eduardo Campos que se sentiria "à vontade" no PSB, partido do governador de Pernambuco. É a sigla para a qual muitos apostam que o tucano poderia rumar se o caldo entornasse de vez no PSDB-SP.

Malhação. Ameaçado de expulsão pelo DEM, o vice de Yeda Crusius, Paulo Feijó, continua a dar entrevistas diárias na academia, quando sai da esteira ergométrica.

Veja bem 1. No MEC, há quem observe que, independentemente do erro cometido no cálculo do Ideb de São Paulo, a cidade ficou abaixo da meta de 4,1 fixada para a oitava série (o número, quando revisto, subirá de 3,7 para 3,9).

Veja bem 2. Rebate o secretário municipal da Educação, Alexandre Schneider: "O mais importante é que se divulguem números corretos, em vez de esperar para corrigi-los depois. Além disso, a melhor notícia é que as crianças da 4ª série superaram a meta estipulada para 2007".

Ligações 1. O deputado João Magalhães (PMDB-MG), cujo gabinete foi devassado na Operação João de Barro da PF, é irmão do novo diretor dos Correios Pedro Magalhães, indicado ao cargo pelo ministro Hélio Costa.

Ligações 2. Na época da CPI dos Correios, a empresa Royster Serviços, que opera no mercado financeiro, foi envolvida em suspeita de lavagem de dinheiro do caixa dois do PT. Em 2006, a Royster deu R$ 75 mil, no caixa um, à campanha de Magalhães.

Ficha. Vinte dias antes de ter o gabinete vasculhado pela polícia, Magalhães havia sido denunciado pelo Ministério Público, junto com o ex-deputado estadual Marcio de Almeida Passos, acusado de chefiar um esquema de fraude de licitações em Minas.

DNA. Passos, conhecido como Marcinho, trabalhou durante anos para Magalhães. Sua irmã, Marcilene, também foi assessora do deputado.

Classificados 1. O PMDB espera para amanhã a nomeação, no "Diário Oficial", de Ricardo Flores para ocupar a diretoria de assuntos governamentais do Banco do Brasil, vaga deixada pelo ex-senador Maguito Vilela. A sigla venceu a queda-de-braço com o PR, que também queria o posto.

Classificados 2. Ao mesmo tempo em que barrou uma indicação do nanico PSC, a direção da Petrobras nomeou, para as quatro vagas na nova subsidiária de biocombustíveis, nomes do PT do presidente José Sérgio Gabrielli. Um deles, Fernando Cunha, que já é diretor da empresa, foi um pedido do deputado Candido Vaccarezza.

Tiroteio

Causa espécie que o MEC tenha divulgado dados errados sobre o ensino em São Paulo no mesmo dia em que o ministro participou de evento de campanha do PT na cidade.


Do tucano JOSÉ POLICE NETO , líder da administração Kassab na Câmara, sobre a distorção de cálculo que piorou artificialmente o desempenho da rede paulistana no Ideb.

Contraponto

Devagar com o andor

Em seu primeiro mandato de deputado (1979-1982), pelo então MDB do Amazonas, o hoje senador tucano Arthur Virgílio apresentou denúncia de corrupção na Caixa Econômica Federal e começou a coletar assinaturas para CPI mista. Magalhães Pinto, banqueiro que havia sido governador de Minas, ministro de Costa e Silva e era senador pelo PDS, partido de sustentação da ditadura, elogiou:
- Bela denúncia, meu jovem!
Virgílio aproveitou a deixa:
- Ministro, então assine o requerimento, por favor.
O mineiro arregalou os olhos e afastou o papel:
- Calma... Eu disse que era uma bela denúncia. Mas ainda não estou em ponto de assinatura.

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