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Tucanos debatem como retomar o poder
"PSDB nasceu com base exclusivamente parlamentar, algo exótico para um partido social-democrático", diz cientista política
Não há fundamento político para a divergência entre seus grupos regionais, diz analista; atual desavença se deve à disputa de 2010
DA REDAÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Criado em junho de 1988 por
um grupo de parlamentares do
PMDB alijado das administrações do presidente José Sarney
e dos governadores do partido,
os líderes do PSDB hoje discutem por que estão outra vez
longe do poder.
"Acho que, nos 20 anos do
PSDB, nós avançamos. Só que
nossa tarefa é ir mais perto do
povo. O PSDB foi criado em
1988 de cima para baixo", diz
Geraldo Alckmin.
A observação de Alckmin é
corroborada pelos estudiosos:
"O PSDB nasceu com base exclusivamente parlamentar, algo exótico para um partido social-democrático, sem vínculos
com organizações e movimentos da classe trabalhadora", explica Poméia Genaio, autora de
"A Formação do Partido da Social Democracia no Brasil".
O partido se estruturou em
torno desse "núcleo central,
composto por um pequeno número de atores", em torno dos
quais gravitavam políticos locais, diz Raiane Patrícia Severino, que prepara a tese "A Dinâmica Política Interna do PSDB
Paulista".
Essa centralização é confirmada pelo deputado Ricardo
Montoro, filho de Franco Montoro: "Quando foi fundado, as
decisões eram debatidas por
meu pai e por outros líderes do
PSDB, como FHC ou Covas".
Segundo cientistas políticos,
o objetivo desse bloco parlamentar não era o parlamentarismo -bandeira logo abandonada assim que a legenda chegou ao poder.
"O PSDB foi criado por motivos pragmáticos. Um grupo de
deputados federais e senadores
estava afastado do ministério e
sem espaço de atuação dentro
do PMDB", diz o cientista político Celso Roma, autor da tese
"A Social Democracia no Brasil:
organização, participação no
governo e desempenho eleitoral do PSDB".
Como Sarney, então bastante
impopular, não tinha um candidato forte para sucedê-lo, "o
momento político não podia
ser mais favorável à criação de
um partido: a fundação do
PSDB viabilizou, num momento oportuno, a candidatura de
Covas à eleição presidencial".
Desde o início o grupo defendia a agenda adotada por FHC
no governo: "A campanha de
Mario Covas, na eleição presidencial de 1989, já destacava a
necessidade de um "choque de
capitalismo" no país", afirma
Celso Roma.
Segundo André Pereira
Guiot ("O "moderno príncipe"
da burguesia brasileira: o
PSDB"), essa pauta resultava
das ligações orgânicas da cúpula tucana com o setor financeiro, que levou a um "rápido processo de "banqueirização" das
decisões públicas".
Tudo isso deu ao PSDB um
perfil relativamente coeso, diz
Roma: "Não há fundamento
político para a divergência entre seus grupos regionais. A
atual desavença no ninho tucano se deve à candidatura presidencial de 2010.
O partido tem uma vaga disponível e três aspirantes a ela:
José Serra, Geraldo Alckmin e
Aécio Neves".
Os tucanos têm consciência
disso: "O PSDB sabe por experiência como ganhar ou como
perder eleição. A condição primeira é a unidade. Tivemos
duas eleições presidenciais em
que faltou unidade", diz o deputado José Aníbal (SP).
Ou, como afirma o governador Aécio Neves (MG), "falta no
Brasil desprendimento, generosidade e coragem política para construirmos, todos, uma
grande convergência nacional".
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