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SOMBRA NO TUCANATO
Ex-tesoureiro de campanha de Serra tomou R$ 700 mil emprestado de empresa para comprar apartamento
Ricardo Sérgio faz empréstimo em Cayman
WLADIMIR GRAMACHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O economista Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-tesoureiro de campanha do presidenciável José Serra (PSDB-PMDB), serviu-se de empréstimo concedido por empresa com sede nas Ilhas Cayman para adquirir, em 1998, um apartamento em São Paulo.
A Franton Interprises Inc. emprestou ao economista R$ 700 mil, utilizando para isso uma firma de representação no Brasil, segundo versão apresentada pelo
próprio Ricardo Sérgio.
A transação, que envolve um dos personagens mais polêmicos da privatização das empresas de telefonia ocorrida naquele mesmo ano, está sob investigação da
Receita Federal.
O Fisco analisa inconsistências
nas últimas declarações de Imposto de Renda do economista,
que também foi diretor do Banco
do Brasil. O empréstimo da Franton -que justifica parte do crescimento do patrimônio de Ricardo Sérgio- é apontado como
uma dessas inconsistências.
Em 1998, o patrimônio do economista somou R$ 3,283 milhões.
No ano seguinte, passou a R$
3,509 milhões, conforme sua declaração de Imposto de Renda.
A Receita Federal estranhou a
remessa de R$ 131.563,95 para a
Franton, no exterior. O dinheiro
serviria, segundo Ricardo Sérgio,
para saldar os juros do empréstimo referentes ao período de abril
a dezembro de 1998. O pagamento foi feito em reais, mesma moeda na qual retirou o dinheiro, segundo informou à Folha.
Os R$ 700 mil obtidos na Franton foram integralmente utilizados, segundo Ricardo Sérgio, para
a compra de apartamento na rua
Padre João Manoel, 654, no dia 14
de abril de 1998. O vendedor foi
Sérgio Augusto Sá de Almeida,
que não foi localizado para comentar a transação imobiliária
sob investigação.
No dia 5 de outubro de 2001, a
coordenação geral de fiscalização
da Receita Federal expediu "termo de início de fiscalização" no
qual dirigiu a Ricardo Sérgio nove
perguntas sobre suas declarações
de Imposto de Renda dos anos-calendário 1998 e 1999.
No item quatro, os fiscais pediram ao ex-diretor do BB: "Informar, por escrito, a que título foi
efetuado o pagamento à empresa
Franton Interprises Inc., no valor
de R$ 131.563,95, no ano-calendário de 1998, indicando a data do
efetivo desembolso".
A resposta de Ricardo Sérgio:
"Refere-se a juros pelo período de
utilização de empréstimo, pagos
em 16 de dezembro de 1998 no
montante de R$ 114.403,43 líquidos de IR na fonte, no valor de R$
17.160,52, recolhidos em 17 de dezembro de 1998, totalizando o valor de R$ 131.563,95".
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