|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VIDA DE EX
Na inauguração de instituto que leva seu nome, Fernando Henrique diz que um ex-presidente deve opinar sobre política
É ingênuo dizer que estou fora do jogo, diz FHC
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso inaugurou ontem,
em São Paulo, um instituto que leva seu nome e aproveitou para dizer que, embora não vá usar a instituição para fazer política partidária, "não significa que um ex-presidente deva abdicar da cidadania e de opinar sobre política".
Sorridente, ladeado na mesa pelo ex-primeiro-ministro francês
Lionel Jospin e pelo ex-presidente
do Uruguai Julio Sanguinetti,
além do ex-embaixador Celso Lafer, do ex-primeiro-ministro de
Portugal António Guterres e do
cientista social espanhol Manuel
Castells, o tucano disse que "seria
um pouco ingênuo imaginar que
[uma] pessoa que tem a experiência que nós temos de repente diga:
"Não, agora vou olhar como expectador, estou fora do jogo'".
Ele afirmou que "o problema é
como fazê-lo e em que arena fazê-lo". E concluiu dizendo que "esta
instituição não será arena para fazer declarações [políticas] quando achar oportuno".
Sobre se defendia um sistema
semelhante ao norte-americano,
onde ex-presidentes não podem
voltar a concorrer a cargos eletivos, FHC disse que "preferia que
os Estados Unidos fossem igual
ao Brasil e iria torcer para o [Bill]
Clinton voltar". O ex-presidente
dos EUA foi uma das atrações da
inauguração do Instituto Fernando Henrique Cardoso (IFHC). Ele
deu palestra a convidados.
Questionado também se o fato
de criar um instituto significava
que ele não se candidataria novamente à Presidência, FHC respondeu: "Não estou fazendo este
instituto para isso. Só isso. O resto
vocês [da imprensa] inventam".
Fernando Henrique disse que o
objetivo do IFHC é promover o
diálogo sobre assuntos que não se
limitem às fronteiras nacionais.
Desemprego
O ex-presidente adiantou que
pretende debater questões de comércio internacional, processos
de comunicação, inovações tecnológicas e "temas mais específicos", como o desemprego.
Sobre isso, FHC afirmou que, ao
discutir um assunto como esse, a
intenção não é fazer uma crítica
ao atual governo. "Se fosse para
fazer críticas, faria ao meu governo também, porque o desemprego não começou agora."
FHC disse que espera que membros do atual governo também
participem dos debates do instituto, embora tenha destacado que
a entidade não é governamental.
Ele lembrou que convidou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
para a inauguração, mas, por conta da viagem à China, não pôde
comparecer. Ele enviou uma carta
a FHC justificando a ausência. O
ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, representou-o.
Tucanos como o ex-ministro da
Educação Paulo Renato Souza,
ex-aliados, como o senador Edson Lobão (PFL-MA), e opositores do atual governo, como o deputado Geddel Vieira (PMDB-BA), estiveram na inauguração do
instituto. A atriz Regina Duarte,
admiradora de FHC, também foi.
Havia também membros do PT,
como a prefeita de São Paulo,
Marta Suplicy, além do senador
Eduardo Suplicy.
Texto Anterior: Datafolha: Petista recupera parte de sua popularidade Próximo Texto: Evento reúne ex-aliados e petistas Índice
|