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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Candidatos devem recusar vários convites de emissoras
Lula e Serra tentam evitar excesso de aparições na TV
RENATA LO PRETE
PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Ainda que a TV seja essencial
em seus planos, as equipes dos
dois presidenciáveis mais bem colocados nas pesquisas tentam evitar que a campanha se torne exclusivamente eletrônica antes
mesmo do início do horário eleitoral gratuito, em 20 de agosto.
Na avaliação de assessores de
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e
José Serra (PSDB), é o que deve
ocorrer se forem aceitas todas as
propostas de debates e entrevistas
feitas pelas emissoras. Pelo observado até agora, várias não deverão vingar. Fechado e com datas
definidas até o momento há apenas o pacote de cobertura acertado pela Rede Globo com os quatro principais concorrentes ao Palácio do Planalto -além de Lula e
Serra, Anthony Garotinho (PSB) e
Ciro Gomes (PPS).
Na quinta-feira foi sorteada a
ordem das entrevistas que serão
levadas ao ar em três telejornais
da casa (veja quadro nesta página). O debate de primeiro turno
da Globo ocorre em 3 de outubro,
a três dias da votação e no último
dia da campanha legal.
A Bandeirantes, que diz ter obtido dos candidatos o compromisso de tê-los no primeiro debate televisivo de 2002, ainda não conseguiu fechar uma data. Espera
anunciá-la no início da semana.
A primeira oferta (14 de julho)
foi rejeitada pela equipe de Lula. A
segunda (21 de julho), pela de Serra. A escolha deverá recair sobre 4
de agosto, um domingo. O canal
também promete entrevistas, ainda sem data, no "Jornal da Band"
e no "Jornal da Noite", além de
mais um "Canal Livre" com cada
um dos quatro (da primeira rodada, já foram ao ar os de Ciro e Garotinho; hoje será a vez de Lula e,
no domingo que vem, de Serra).
Agenda difícil
No entanto, assessores ouvidos
pela Folha acham improvável que
essas solicitações sejam todas
atendidas. Na esteira do plano
anunciado pela Globo, também o
SBT manifestou interesse de realizar debate, mas desistiu da idéia.
A data sugerida (7 de julho) encontrou resistência no PT e PSDB.
Mesmo na Globo, um dos projetos relacionados à eleição não
vingou. Está praticamente descartada a possibilidade de promover
nesta semana encontro dos presidenciáveis no programa de Jô
Soares. O apresentador pretendia
reuni-los antes de julho para escapar à rigidez das regras de debate
que entrarão em vigor com o início oficial da campanha. Propôs
fazê-lo no dia 28 de junho. Mas os
petistas argumentaram que essa é
a data da convenção do partido.
Terceiro e quarto colocados nas
pesquisas, Garotinho e Ciro são
mais receptivos aos convites. Menos aquinhoados -especialmente o ex-governador do Rio- com
tempo no horário gratuito, valorizam ao extremo as aparições na
programação regular das TVs.
Já no comando da campanha do
PT, a extensa agenda televisiva é
vista com reservas. Por liderar a
corrida sucessória, Lula seria
quem mais tem a perder com a
exposição intensa, por se tornar
alvo preferencial dos adversários
ou pelo risco de uma declaração
mal elaborada causar perda de
votos entre a audiência.
Julho é considerado um mês arriscado na campanha petista. Em
julho de 94, Lula foi ultrapassado
por Fernando Henrique Cardoso,
após um ano à frente nas pesquisas. Em 98, aproximou-se dos patamares de FHC em maio e junho.
Em julho, o tucano distanciou-se novamente.
"Tanto debate"
Lula tem se referido com frequência à agenda apresentada pelas emissoras: "Nunca vi tanto debate na vida. Será que é porque estou na frente? Em 98, não houve
debate." O partido quer empurrar
para agosto o maior número possível de compromissos na TV.
Acertadas as participações na
Globo e Bandeirantes, a tendência
é no mínimo dificultar a presença
em eventos das demais emissoras.
"O espaço destinado pela TV fará com que o horário eleitoral tenha sua influência reduzida. O período entre 30 de junho e 19 de
agosto será o mais importante.
Vamos ter de adequar a agenda de
Lula aos compromissos assumidos com a TV", afirmou o presidente do PT, José Dirceu.
Do lado tucano, a reserva é menor, mas também não se vê a disponibilidade incondicional de Ciro e Garotinho. A participação de
Serra nos debates vem sendo negociada pelo publicitário Nelson
Biondi. A de Lula, por Duda Mendonça. Biondi reconhece a importância da TV, mas ressalva: "Não podemos nos limitar à campanha eletrônica. Percorrer Estados é essencial". E a mídia eletrônica exige preparo: "Dez minutos de "Jornal Nacional" podem tomar um dia inteiro do candidato", diz.
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