|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lula culpa governo FHC pela crise financeira
DA REPORTAGEM LOCAL
Em discurso na tentativa de acalmar o nervosismo do mercado financeiro, o pré-candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula
da Silva, afirmou ontem que a saída da crise econômica "não poderá ser produto de decisões unilaterais do governo" e pregou uma
transição "lúcida e criteriosa".
Durante a abertura de encontro
que discutiu o programa de governo petista em São Paulo, Lula
foi duro nas críticas à gestão econômica da administração de Fernando Henrique Cardoso.
"Por mais que o governo insista,
o nervosismo do mercado e a especulação dos últimos dias não
nascem das eleições. Nascem,
sim, das graves vulnerabilidades
estruturais da economia apresentadas pelo governo, de modo totalitário, como o único caminho
possível para o Brasil", disse Lula,
durante leitura do que chamou de
"Carta ao Povo Brasileiro".
O texto de três páginas e meia
foi confeccionado na tentativa de
reafirmar o compromisso do petista com o cumprimento dos
contratos se eleito. Ou seja, rejeitou a hipótese de calote, temida
pelo mercado.
"Poderemos recuperar a capacidade de investimento público tão
importante para alavancar o crescimento econômico. Esse é o melhor caminho para que os contratos sejam honrados e o país recupere a liberdade de sua política
econômica, orientada para o desenvolvimento sustentável."
O petista tentou em seu pronunciamento rebater as principais acusações contra sua candidatura vindas de membros do governo tucano. "Ninguém precisa
me ensinar a importância do controle da inflação. Iniciei minha vida sindical indignado com o processo de corrosão do poder de
compra dos salários."
Lula acusou o BC de "acumular
um conjunto de equívocos" na
condução da política econômica.
"Investidores não-especulativos,
que precisam de horizontes claros, ficaram intranquilos. E os especuladores saíram à luz do dia
para pescar em águas turvas."
"O atual governo estabeleceu
um equilíbrio fiscal precário no
país, criando dificuldades para a
retomada do crescimento. Com a
política de sobrevalorização artificial da moeda no primeiro mandato e com a ausência de políticas
industriais de estímulo à capacidade produtiva, o governo não
trabalhou como podia para aumentar a competitividade da economia", acusou.
Atraso
Lula iniciou seu discurso com
quase três horas de atraso. Passou
a manhã dando os últimos retoques em sua fala, assistida pelos
principais economistas e dirigentes do partido.
A informação de que o secretário do Tesouro dos EUA, Paul
O'neill, havia recuado de suas
afirmações de anteontem, quando declarou que os norte-americanos não concordam em conceder novos empréstimos ao Brasil
por meio do FMI, tornaram desnecessária qualquer reação direta
do petista.
"Nossa política externa deve ser
orientada para esse imenso desafio de promover nossos interesses
comercias e remover grandes
obstáculos impostos pelos países
mais ricos às nações em desenvolvimento", afirmou o petista, em
forma de um recado indireto ao
governo de George Bush.
Antes de ler a carta, Lula brincou com os óculos que pegara do
deputado Aloizio Mercadante.
Texto Anterior: Outro lado: Para líder tucano, PT está "atrás de fantasmas" Próximo Texto: Grafite Índice
|