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OUTRO LADO
Sócio da Rodvias nega ter sido favorecido
DA REPORTAGEM LOCAL
O sócio da Rodvias Engenharia
Municipal, Ricardo Pereira da Silva, disse que depois de constituir
a empresa, em 1997, foi procurar
serviço "onde conhecia pessoas".
Ele negou que tenha sido beneficiado por ter trabalhado como secretário em uma prefeitura do PT.
Ricardo também disse que não favoreceu a Emparsanco, para a
qual prestou serviço, nem a Tetralix, cujo sócio trabalhou com ele:
Folha - Em 1998, sua empresa foi
contratada em Santo André para o
gerenciamento de obras no Hospital Municipal. A presidente da comissão de licitação, Rosana Senna,
depois atuou como advogada em
sua empresa, em um contrato em
Belém. Ela trabalhou para o sr.?
Ricardo - A Rosana também foi
funcionária da Prefeitura de Santos. Ela foi trabalhar em Santo
André depois que o Klinger já era
secretário. Em um período que
ela estava de licença, trabalhou
comigo em Belém. É minha amiga. Fizemos auditoria em um processo de contratação do terminal
pesqueiro de Belém, mas ela nunca foi advogada da Rodvias.
Folha - Em Belém, o sr. fez parte
da comissão de licitação para escolher as empresas de lixo, ao lado de
Francisco Eduardo Pasetto Lopes?
Ricardo - Fui indicado por ele, e a
Prefeitura de Belém me contratou
para ajudar no processo de licitação das empresas de lixo. Eu tinha
experiência da época da [Luiza"
Erundina e também fui presidente da Prodesan, em Santos.
Folha - Em Belém, uma das empresas escolhidas foi a Emparsanco. O fato de o sr. já ter trabalhado
para a Emparsanco não influenciou
na escolha da empresa? Ela nunca
havia feito serviço de limpeza.
Ricardo - Eu acho que deve ter
influenciado porque eu tenho um
nome no mercado porque fiz dois
mestrados e doutorado na França, conduzi o maior programa de
recapeamento em São Paulo na
época da Erundina. A minha presença em algum espaço é sinal de
seriedade e coisa bem feita.
Folha - O fato de o sr. ter trabalhado na Emparsanco não influenciou na escolha, uma vez que o sr.
integrava a comissão de licitação?
Ricardo - Eu era um dos membros da comissão. Todos os critérios foram extremamente objetivos, tanto que ela ganhou um lote
e perdeu o outro. A comissão tinha umas cinco pessoas. Nenhuma delas iria colocar seu nome
em jogo por influência minha. Eu
também não seria louco de, por
uma única licitação, borrar meu
nome. Não vi nenhum problema.
A Emparsanco sempre teve dificuldades nas obras que fiscalizamos e é por isso que ela acredita
muito em meu trabalho e sabe da
seriedade do meu trabalho.
Folha - O sr. já havia feito algum
trabalho anterior em Belém para
ser indicado para participar da comissão de licitação?
Ricardo - Não. Mas depois fiz
mais alguns trabalhos por lá em
virtude do sucesso desse trabalho.
Foram quatro contratos, mas todos muito pequenos.
Folha - Juvenal Nigro fez algum
serviço para sua empresa?
Ricardo - Fez. Ele me ajudou no
canal de Tucunduva.
Folha - Ele fazia parte da Tetralix,
que foi subcontratada pela Emparsanco. O sr. sabia?
Ricardo - Fiquei sabendo depois.
Essa foi uma das razões de eu o ter
contratado para me ajudar, já que
ele estava indo para Belém e o trabalho que desenvolvemos não tinha nada a ver com lixo. Era obra
de drenagem. Um dos trabalhos
que faço é a montagem de editais.
Assim como o do lixo, em Belém,
ajudei a montar o do Tucunduva.
Folha - O que quero entender é isso. O sr. era secretário em Santos,
trabalhou com duas pessoas que
depois viraram secretários em outras prefeituras do PT, e sua empresa acaba sendo contratada em Santo André, cuja presidente da comissão presta um serviço para o sr., depois o sr. integra uma comissão de
licitação em Belém, cuja empresa
vencedora é sua cliente, aí a Emparsanco subcontrata a Tetralix,
cujo um dos sócios também presta
serviço para o sr. Não são vários
contratos ligados?
Ricardo - Na vida profissional,
você sempre procura serviço onde é bem recebido. Você indica
pessoas que conhece ou já viu trabalhar. O Juvenal Nigro eu o conheci da época em que eu trabalhava na Secretaria das Administrações Regionais, em São Paulo.
Ele era de uma empresa que nem
me lembro o nome. Por que o Pasetto me convidou? Porque fizemos um bom trabalho em Santos.
Eu também indico várias pessoas.
Quando resolvi montar minha
empresa fui oferecer serviço onde
conhecia pessoas. Não poderia
trabalhar em São Paulo porque
sou funcionário da prefeitura. Eu
tinha uma empresa pequena e fui
procurar emprego onde tinha
certeza de que seria recebido, de
que não seria sacaneado, de que
receberia minhas faturas. Estrategicamente, do ponto de vista profissional, foi perfeito. Também
trabalho na região do ABC, na Bahia, Alagoas, Minas Gerais.
Folha - O sr. atua mais no ABC?
Ricardo - É, em Santo André,
Mauá e São Bernardo. Só não entrei ainda em Diadema [administrada pelo PT" porque a situação
econômica da prefeitura está
ruim e não conseguiria suportar o
não-pagamento. Tentarei entrar
lá quando as coisas melhorarem.
Folha - O fato de essas prefeituras
serem do PT e o sr. ter sido secretário do PT não influenciam a escolha
de sua empresa?
Ricardo - Em São Bernardo não é
PT. Fiz obras para o governo do
Estado, na época de Mário Covas.
Apesar de ter uma simpatia pelo
PT, tenho atuado como empresário. Meu objetivo é fazer um bom
trabalho social e ter lucro.
Folha - Como o sr. concilia seu trabalho na Prefeitura de São Paulo
com sua empresa?
Ricardo - Costumo trabalhar na
parte da manhã na minha empresa e à tarde na prefeitura, onde fico até altas horas da noite.
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