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Inquérito será mais técnico com novo delegado, diz Tarso
Ministro afirma que Ricardo Saadi deixará trabalho da operação "menos midiático"
Petista diz que inquérito
de Protógenes Queiroz é "robusto", mas avalia que houve erros e "flagrantes diferenças de metodologia"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de classificar o inquérito do delegado Protógenes
Queiroz como "robusto", o ministro da Justiça, Tarso Genro,
admitiu ontem que houve "erros" e "flagrantes diferenças de
metodologia" e disse que o trabalho ficará melhor a partir de
agora, com o delegado Ricardo
Saadi assumindo o comando da
Operação Satiagraha.
"O inquérito é robusto, tanto
que já houve indiciamentos e
até denúncia, mas ocorreram
erros e sua condução terá mais
qualidade e será menos midiática", disse Tarso. Foram indiciadas até agora dez pessoas,
inclusive Daniel Dantas, do Opportunity. "Esse assunto, para
nós, foi resolvido. Vocês vão ver
que o inquérito vai ser mais técnico, mais profundo."
Para Tarso, Saadi é "de altíssimo nível": "Quem está achando que a saída do Protógenes
vai tornar a operação mais superficial está equivocado".
Segundo o petista, um dos erros de Protógenes foi a fundamentação do pedido de prisão
temporária. "Quem leu sabe
que há muitas dúvidas", disse.
Tarso ameaçou processar
quem vazar a íntegra da fita de
mais de três horas da reunião
da PF em que foi decidida a saída de Protógenes do caso Dantas. "Essa fita contém informações sigilosas e quem tentar vazá-las será responsabilizado.
Seria um vazamento ilegal que
exigiria providências legais."
O governo divulgou menos
de quatro minutos da gravação,
com o objetivo de negar que o
delegado tenha sido afastado.
Tarso mantém a versão de que
ele saiu voluntariamente.
Também rechaçou a versão
de que o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva está aborrecido
com ele, por ter sido induzido a
divulgar apenas uma parte da
fita e ficar sob a suspeição de
ter "adulterado" o seu sentido
real, como disse o delegado.
Numa tentativa de pôr fim à
repercussão negativa devido ao
envolvimento na Satiagraha, o
governo tenta parecer afastado
da polêmica. Ontem, após reunião de coordenação política,
tradicionalmente convocada
para que Lula debata com os
principais ministros temas do
momento, participantes negaram que a operação tenha sido
alvo de comentários.
O silêncio é parte da estratégia do Planalto para conter os
danos. Para auxiliares do presidente, os erros começaram na
segunda passada, quando o Planalto deu publicidade a comentário de Lula feito em reunião
sobre excessos da PF. Logo
após, Protógenes foi afastado.
Dois dias depois, Lula criticou o
delegado e exigiu sua volta.
Eventual fonte de problemas
poderá vir do vazamento da
conversa entre Protógenes e
seus superiores. Há um temor
de que ela possa desmentir a
versão da PF. Assessores, desde
já, tentam livrar Lula. Dizem
que ele não ouviu a fita nem leu
a íntegra -teria sido instruído
por Tarso.
(ELIANE CANTANHÊDE, LUCAS FERRAZ e LETÍCIA SANDER)
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