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MUDANÇA NO NINHO
Políticos ligados a Covas, morto em 2001, estão fora do poder no PSDB e sem espaço no governo
Alckmin se livra do grupo covista em SP
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
Menos de um ano após o tucano
Geraldo Alckmin ter assumido
seu atual mandato no comando
de São Paulo, os "covistas", grupo
historicamente ligado ao governador Mário Covas (morto em
2001) e hegemônico no PSDB
paulista na última década, estão
fora do poder no partido e praticamente sem espaço na administração pública do Estado.
O ocaso dos "covistas", impulsionado pela derrota do grupo
nas eleições para a presidência do
Diretório Estadual, semana passada, consolida a ascensão dos
"alckmistas" ao controle do partido e da máquina pública.
A mudança distancia os "covistas" do sonho de lançar um candidato a prefeito no ano que vem.
Nos quase 11 meses de seu atual
mandato, Alckmin, que foi vice de
Covas, atuou discretamente nos
bastidores e, nas palavras de um
tucano que trabalhou com Covas,
ajudou seu grupo a "cortar lentamente o oxigênio" dos "covistas"
na administração da máquina e
na direção do PSDB.
Em sentido oposto, o governador acentuou o caráter conservador de sua gestão, especialmente
na área da segurança, e estreitou a
relação dos tucanos com o PFL,
partido com o qual Covas manteve sempre uma aliança tática e,
muitas vezes, conturbada.
Entre os homens de confiança
do governador hoje estão Alexandre Moraes, secretário da Justiça,
e Cláudio Lembo, vice-governador, ambos pefelistas. O secretário de Esportes, Lars Grael, também do PFL, ganha espaço nas articulações entre os dois partidos e
o Palácio dos Bandeirantes.
Nos discursos e homenagens
Covas continuará sendo sempre
lembrado no Bandeirantes, mas
na máquina pública as principais
pastas estão com tucanos historicamente "alckmistas" ou próximos de José Serra, presidente nacional do partido (veja quadro).
Desde o último domingo, após
acirrada disputa interna, na qual
o governador entrou na última
hora, políticos ligados a ele controlam os diretórios estadual e
municipal do PSDB e devem indicar o candidato tucano à disputa
da sucessão de Marta Suplicy (PT)
na capital do Estado.
Dos cinco nomes hoje colocados no PSDB para a disputa, dois
são "alckmistas", os secretários
Saulo de Castro Abreu Filho (Segurança) e Gabriel Chalita (Educação), e três "covistas", os deputados federais Walter Feldman e
Zulaiê Cobra e o ex-presidente
nacional do PSDB José Aníbal.
A queda-de-braço entre os grupos desgastou a relação do governador com os "covistas", entre
eles a própria família Covas, que
mantém com o Alckmin um relacionamento "polido", mas frio.
Os correligionários fiéis à memória de Covas não aprovaram,
por exemplo, os encontros que
Alckmin manteve, meses atrás,
com o ex-prefeito Paulo Maluf
(PP), maior desafeto político do
governador morto em 2001.
Na eleição para o diretório estadual, domingo passado, em São
Paulo, a ex-primeira-dama Lila
Covas, viúva de Covas, apoiou
Tião Farias. Mas o "covista" acabou derrotado pelo deputado federal Antonio Carlos Pannunzio,
em um acordo de última hora que
teve a costura do governador.
Lila foi pessoalmente à Assembléia pedir votos para o ex-secretário particular do marido.
Antes de se lançar à disputa, Farias deixou o cargo de "assessor
especial" que ocupava no Palácio
dos Bandeirantes.
Os "ressentimentos" dos "covistas" quanto à distribuição de
cargos foi levado à família Covas.
De seu lado, Alckmin ficou irritado após ter sido recebido na Assembléia por um grupo de militantes que usava nariz de palhaço.
Entre os manifestantes, estaria
Bruno Covas, neto de Lila.
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