São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 2006

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ESCÂNDALO DO MENSALÃO / GUERRA DAS TELES

Base do governo manobra e evita ida de Dantas a CPI

Pedido para ouvir banqueiro que acusa PT de cobrar propina é rejeitado por 6 a 5

Presidente da comissão diz que decisão equivale a fim dos trabalhos; também não são aprovadas convocações de Valério e Jorge Mattoso

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com uma manobra no plenário da CPI dos Bingos, o governo conseguiu ontem evitar a convocação do banqueiro Daniel Dantas para explicar a suposta cobrança de propina que teria sofrido do PT para facilitar interesses do grupo Opportunity no governo federal.
Para o presidente da CPI, Efraim Morais (PFL-PB), o resultado equivale ao fim das investigações: "Não se aprova mais nada", comentou. O relator Garibaldi Alves (PMDB-RN) reiterou que pretende fechar a versão preliminar do relatório final da CPI amanhã.
O requerimento, apresentado pelo senador Romeu Tuma (PFL-SP), foi rejeitado por seis votos a cinco. Votaram a favor quatro pefelistas e Garibaldi. Contra, ficaram quatro petistas, Romero Jucá (PMDB-RR) e Sérgio Zambiasi (PTB-RS).
Tuma foi citado pela revista "Veja", junto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros membros do governo, como portador de conta bancária no exterior. Ele nega. A informação foi atribuída pela revista a Dantas, que, no entanto, nega ser a fonte da "Veja".
A oposição também queria convocar Dantas pela afirmação do banqueiro de que, em julho de 2003, Carlos Rodenburg, seu sócio à época, foi procurado por Delúbio Soares, então tesoureiro do PT, para que o Opportunity doasse entre US$ 40 milhões e US$ 50 milhões ao partido. Ontem, Delúbio negou à CPI ter feito a cobrança (leia texto na pág. A5).
O senador Heráclito Fortes (PFL-PI) deve apresentar requerimento pedindo para que Dantas vá à Comissão de Constituição e Justiça do Senado.

Violação
A base aliada também derrubou requerimentos para convocar o ex-presidente da Caixa Jorge Mattoso e o assessor do Ministério da Justiça Daniel Goldberg, para falar sobre a violação do sigilo do caseiro Francenildo Costa. Também não foi aprovada a convocação do publicitário Marcos Valério.
Contribuíram para as vitórias governistas as ausências dos senadores Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) e Augusto Botelho (PDT-RR). No começo da CPI, Mozarildo votava com a oposição. No último mês, passou a faltar às reuniões. A oposição suspeita que ele tenha sido cooptado pela base aliada. Há duas semanas, ele disse à Folha que "não aceitava ser pressionado por ninguém".
Já Botelho votou tanto com o governo como com a oposição. Ontem, sua assessoria informou que ele não pôde ir à CPI pois estava participando da reunião da Executiva Nacional do PDT em Brasília.
(ADRIANO CEOLIN E MARTA SALOMON)


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