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País revive anos dourados, mas sem inflação, diz Lula
Em evento no Rio, presidente compara atual momento com o governo JK, quando crescimento econômico foi de quase 10% ao ano
PEDRO SOARES
ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO
Em solenidade de 50 anos de
indústria inaugurada em 1958
pelo presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
afirmou ontem que o Brasil revive os anos dourados, mas sem
inflação, apesar da crise mundial no preço dos alimentos.
"Eleva-se novamente a auto-estima do brasileiro, a exemplo
do que aconteceu nos anos
dourados da era JK. Mas, ao
contrário de 1958, no Brasil de
hoje, apesar da crise mundial
[da alta de alimentos e petróleo], temos a inflação sob controle. Somos credores internacionais e conquistamos o cobiçado grau de investimento",
disse Lula a uma platéia de executivos e funcionários da multinacional alemã Bayer, durante comemoração do aniversário
da fábrica de Belford Roxo
(Baixada Fluminense).
Nos anos JK, o país vivia o
boom da industrialização, com
crescimento econômico de
quase 10% ao ano, mas sofria
com a alta da inflação -que saltou de 7% em 1957 para 24,3%
em 1958, chegando a 47,7% em
1961, segundo o IGP-DI (Índice
Geral de Preços - Disponibilidade Interna), da FGV. Em
2007, o índice fechou em 7,9%.
De janeiro a maio deste ano,
acumula variação de 5,16%.
Apesar da confiança de Lula,
especialistas consideram a possibilidade de a inflação medida
pelo IPCA superar os 6,5% ao
ano e estourar o teto da meta do
governo -fixada em 4,5% ao
ano, com intervalo de tolerância de dois pontos percentuais.
O presidente destacou o objetivo de promover a produção
de alimentos no país a fim de
minimizar os efeitos da alta
global dos preços.
Segundo Lula, o país vive o
mesmo clima de otimismo que
marcou 1958, ano em que Kubitschek inaugurou a fábrica de
Bayer em Belford Roxo, a primeira do grupo no país e a segunda maior do mundo na área
de defensivos agrícolas.
"Quis o destino -e trabalhamos muito para isso- que 50
anos depois o Brasil esteja vivendo outro momento de otimismo e outro momento muito
bom. Depois de décadas de estagnação econômica e forte
concentração de renda, o país
hoje cresce de forma acelerada
e cresce para todos, reduzindo
desigualdades socais e regionais históricas", afirmou Lula.
Na solenidade, o presidente
disse ainda que o bom momento da economia repercute positivamente nos resultados das
empresas -citou o crescimento de 25% da receita da Bayer
no Brasil em 2007- e fez uma
brincadeira usando como mote
o carro-chefe de vendas da
companhia, a Aspirina.
"As vendas de aspirina podem não subir muito porque o
brasileiro agora tem mais saúde, tem mais emprego, tem melhores salários e tem mais qualidade de vida. Com isso, certamente não terá tanta dor de cabeça como tinha antes."
A Bayer anunciou ontem investimentos de R$ 255 milhões
até 2009 em suas três unidades
no país -duas delas localizadas
em São Paulo. Só no ano passado o faturamento da Bayer no
Brasil chegou a R$ 3,3 bilhões.
Lula parafraseou ainda o slogan da companha alemã para
exaltar o bom momento econômico do país, criado pelo publicitário e poeta pernambucano
Manoel Bastos Tigre (1882-1957). "Por fim, quero tomar
emprestado da Bayer um slogan que há 80 anos faz sucesso
em vários países do mundo: "Se
é Brasil, é bom"."
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