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Rio vive febre de obras, mas caixa está no vermelho
PLÍNIO FRAGA
DA SUCURSAL DO RIO
Líder até aqui na disputa eleitoral no Rio, o prefeito Cesar Maia
(PFL) usa como argumento de
campanha quatro grandes obras
custeadas pela cidade, mas as finanças municipais andam pior
do que o candidato apregoa.
Relatório do Tribunal de Contas
do Município (TCM) sobre as
contas da prefeitura de 2003, concluído neste mês, mostra que o
gasto com pessoal na gestão Maia
cresce há três anos consecutivos e
está em 53,95%, próximo de atingir o limite permitido (54%) pela
Lei de Responsabilidade Fiscal.
Em 2001, o município despendia com pessoal 47,68% da receita
corrente líquida (valor arrecadado com tributos, contribuições e
transferências federais e estaduais). No ano seguinte, o número foi a 49,18% e, em 2003, atingiu
53,95%, o pior índice desde 1998.
Com dívida total de R$ 7,641 bilhões, a prefeitura dispõe só de R$
0,76 para cada R$ 1 que tem de saldar no curto prazo. O limite de
endividamento atingiu 10,74% da
receita corrente líquida. A lei permite, no máximo, 11,5%.
A cidade está enquadrada na categoria C da Secretaria do Tesouro Nacional -resultado primário
positivo de suas contas (receitas
menos despesas, exceto os juros),
mas insuficiente para pagar os encargos da sua dívida.
Em 2003, o município obteve
superávit primário de R$ 65,1 milhões, livrando-se do déficit de R$
330,2 milhões de 2002. Mas o crescimento da dívida e dos gastos
com pessoal já causa impacto -a
prefeitura aplicou 20,40% em
educação, retirados os gastos com
inativos. A lei exige 25%.
Como reflexo, as vagas no ensino fundamental municipal caíram de 620 mil para 590 mil no
ano passado, segundo apontou o
relatório do TCM. "A ânsia de
gastar na administração pública é
algo compulsivo. Para muitos a
simples possibilidade de haver
uma previsão orçamentária autoriza a emissão de empenhos, independentemente da existência
ou não de recursos", afirmou o relator do TCM, conselheiro Antonio Carlos Flores de Moraes.
Na prática, a prefeitura gasta o
que não tem. "A conseqüência é
facilmente exemplificável no exame das contas de 2003, quando
encontramos déficit orçamentário e áreas, como a da Saúde, que
possuem muitos restos a pagar,
porque suas despesas andavam
em ritmo diverso das receitas",
analisou Flores de Moraes.
Maia iniciou projeto de recapeamento das principais ruas da
zona sul e toca obras de grande
porte, como a construção de estádio para os Jogos Pan-Americanos de 2007 e a Cidade das Crianças, que se pretende o maior parque infantil da América Latina.
Maia reclama que a prefeitura
tem feito sozinha, sem ajuda dos
governos federal e estadual, os investimentos necessários até aqui
para a realização dos Jogos Pan-Americanos, uma de suas bandeiras na campanha à reeleição.
Segundo pesquisa Vox Populi,
divulgada no último dia 14, Maia
atinge 44% das intenções de voto,
o que lhe asseguraria hoje a eleição já no primeiro turno.
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