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SÃO PAULO
Equipe de advogados com 21 pessoas e escritório contratado na Suíça trabalham em 150 processos neste momento
"Blindagem" de Maluf custa R$ 1,3 milhão
XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma equipe de 21 pessoas, entre
advogados e estudantes de direito, e mais um escritório de advocacia contratado na Suíça. É o serviço de "blindagem" à disposição
do candidato do PPB ao governo
paulista, Paulo Maluf, alvo preferencial em temporada de eleições.
Profissionais que executam tarefas semelhantes avaliam que o
ex-prefeito desembolsará pelo
menos R$ 1,3 milhão neste ano
com o esquema, incluindo custos
como eventuais indenizações e
multas. Até a tarde de anteontem,
a equipe, que mantém plantões de
16 horas por dia, acompanhava
150 processos, entre as áreas criminal, cível e eleitoral.
O serviço é coordenado pelo advogado Ricardo Tosto, do escritório Leite, Tosto e Barros, um dos
maiores de São Paulo, que já trabalhava para a Eucatex, empresa
da família de Paulo Maluf. Além
dos seus funcionários, contratou
a assessoria de nomes de grife, como os criminalistas Arnaldo Malheiros Filho e José Roberto Leal.
"Advogar para Maluf é um desafio", disse Tosto à Folha, que reconhece as peculiaridades do candidato: "Ele é muito polêmico e
competitivo, sempre está no centro das atenções em qualquer eleição. O trabalho é redobrado".
Tosto alega razões de ética profissional, como é praxe entre os
advogados, para não revelar o valor pago pelo candidato do PPB.
Divulga apenas que o emprego de
estagiários de direito reduz muito
os custos. O comitê malufista
também mantém segredo.
A principal meta da equipe de
advogados é evitar condenações
em casos que poderiam comprovar irregularidades administrativas de Maluf, acusado pelos adversários, em várias ocasiões, de
ser o representante do "rouba
mas faz", slogan usado pelos
adeptos de Adhemar de Barros.
A seu favor, o ex-prefeito alega
que nunca foram encontradas
provas que justificassem a acusação. Suas preocupações foram
ampliadas depois que a Folha revelou, em junho do ano passado,
que o político teve cerca de US$
200 milhões bloqueados em contas em Jersey, um paraíso fiscal.
Dois meses depois, o governo
da Suíça informou ao Brasil que
Maluf manteve contas no Citibank de Genebra, entre 1985 e 97,
quando fez transferência dos dólares para Jersey. O ex-prefeito
nega a existência das contas. Um
escritório de advocacia na Suíça,
que faz parte da estratégia da
"blindagem", foi contratado para
ajudar na defesa do candidato.
Atenta a qualquer menção ao
nome de Maluf, a equipe de advogados mantém um serviço de escuta de rádio e TV e processa
quem ataca o ex-prefeito. O último alvo foi o conjunto RPM, acusado de provocar danos morais
ao candidato. Na música "Alvorada Voraz", o grupo de rock cita o
ex-prefeito em um verso: "O caso
Sudam, Maluf, Lalau, Barbalho,
Sarney". Em versão de 1986, a
mesma música relacionava "o caso Morel, o crime da mala/ Coroa
Brastel, o escândalo das jóias".
O modelo de trabalho desenhado pela equipe para o período
eleitoral teve origem em 2000,
quando esteve a serviço de Maluf.
"Antes, os comitês tinham advogados que iam à Justiça com camisas e "buttons" dos candidatos.
Aqui não tem amadorismo, fazemos uma defesa inteiramente
profissional", diz Ricardo Tosto.
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