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Trotskista quer fixar salário de R$ 1.500
LIEGE ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
Na estréia como candidato à
Presidência, o jornalista Rui Costa
Pimenta (PCO), 45, está ciente das
chances nulas de eleição. "A intenção é estruturar o partido, chamar a atenção sobre nossas propostas e ser a real oposição do país
no futuro", disse.
O presidenciável, contudo, espera o voto dos cerca de 10 mil filiados em 16 Estados. Em 1998, Pimenta disputou a eleição para deputado federal, obtendo 1.160 votos. Em 2000, concorreu à Prefeitura de São Paulo. Teve 870 votos.
Mesmo admitindo a derrota, Pimenta afirmou que o partido só
vai decidir apoio para o segundo
turno em outubro. "Vai ficar difícil porque o PT hoje deveria ser
chamado de Partido Patronal, depois da aliança com o PL [o site do
partido chama José de Alencar de
"explorador selvagem dos operários têxteis", disse, repetindo o
slogan da campanha: "Quem bate
cartão não vota em patrão."
O PCO foi uma das correntes radicais do PT. Os militantes da ala
radical trotskista foram expulsos
em 1991, mas só conseguiram organizar candidaturas em 1996.
Até agora não elegeram ninguém.
"Falta estrutura e mídia a favor."
O partido declarou ao Tribunal
Superior Eleitoral que deve gastar
R$ 200 mil na campanha, mas Pimenta acha que não vai chegar a
isso. Viagens? De ônibus ou carro
para o interior de São Paulo, Minas Gerais e Rio. De avião foi à Paraíba e Pernambuco. Hospedagem sempre na casa de militantes.
No programa eleitoral, vai pregar um salário mínimo de R$
1.500. "É um pouco mais justo do
que o valor apontado pelo Dieese", disse. Mas como pagar esse
salário? "A prioridade é sempre o
trabalhador, e não o mercado."
Reestatizar tudo o que foi privatizado por Fernando Henrique
Cardoso também é prioridade.
Moratória à dívida externa e
"fora FMI" são outras regras. Sobre o acordo com o FMI, diz: "É típico do acordo de uma pessoa falida diante de um agiota. O agiota
ao perceber que não vai receber o
empréstimo de volta procura esfolar a vítima ao máximo para minimizar as perdas".
Tranquilo, não reage agressivo
às provocações sobre a derrocada
dos países comunistas. "Mas
quem está em crise é o capitalismo. Para nós, a crise da União Soviética é um capítulo da crise do
capitalismo: foram à bancarrota
como o Brasil está indo."
A sede do partido, onde foi concedida a entrevista à Folha, é quase uma biblioteca. Obras no original alemão de Karl Marx, de Leon
Trotski e muitos livros sobre ícones do comunismo-trotskismo.
Ao ser indagado se teria só literatura engajada, Pimenta se
apressa em mostrar boa parte da
estante com obras de poetas franceses. Tradutor de obras em inglês, Pimenta afirma que lê um
pouco também em alemão e francês. E anuncia que, nas horas vagas da campanha, está finalizando
um livro sobre o surrealismo, na
arte e na literatura.
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