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PT SOB SUSPEITA
Rodvias, cujo sócio trabalha na Prefeitura de SP, ganhou 7 contratos
Santo André pagou R$ 6,8 milhões a empresa de petista
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Rodvias Engenharia Municipal manteve pelo menos sete contratos com a Prefeitura de Santo
André, que somaram cerca de R$
6,8 milhões entre 1997 e o ano
passado.
Em um dos contratos, assinado
em 25 de setembro de 1998, a empresa foi contratada para fazer o
gerenciamento da reforma do
Pronto-Socorro do Hospital Municipal três meses depois que a
obra já havia sido iniciada. Além
disso, de acordo com as planilhas
de pagamento, o valor destinado
à reforma, de R$ 719 mil, já havia
sido totalmente liberado.
Como a Folha publicou no último domingo, a história da companhia é um exemplo da interligação que existe entre petistas,
suas empresas e as administrações controladas pelo partido.
A Rodvias tem como sócio Ricardo Pereira da Silva, que hoje
trabalha na Secretaria de Governo
da Prefeitura de São Paulo, chefiada por Rui Falcão, membro da
Executiva Nacional do PT.
Entre 93 e 96, Silva foi secretário
de Obras Públicas da Prefeitura
de Santos, na gestão do também
petista David Capistrano (93-96).
Lá, ele foi chefe de Klinger Luiz de
Oliveira Souza, que então ocupava a chefia do Departamento de
Vias Públicas.
Em 97, após o final da gestão petista em Santos, Silva decidiu abrir
a empresa Rodvias. Já Klinger
-denunciado pelo Ministério
Público Estadual sob acusação de
participar de esquema de extorsão- se tornou secretário de Serviços Municipais da Prefeitura de
Santo André, também administrada pelo PT. A mesma prefeitura que fechou contratos com a
Rodvias.
Especialidade
A especialidade da Rodvias é
prestar serviços de assessoria nas
áreas de arquitetura e engenharia.
Na Prefeitura de Santo André,
Klinger tem sob seu comando os
contratos com empreiteiras de lixo, pavimentação e obras em geral. A Empresa Pública de Transporte e Trânsito (EPT) lhe é subordinada.
Apesar de um dos contratos
com a Rodvias ter sido assinado
em 25 de setembro, uma ordem
de serviço para início do trabalho
já havia sido emitida 15 dias antes,
ou seja, em 10 de setembro. Pelo
serviço, a Rodvias receberia R$
148 mil -que acabou se transformando em R$ 185 mil, por causa
de dois aditamentos.
A Rodvias foi a única empresa
habilitada. Outras três foram convidadas a participar da concorrência, mas foram desclassificadas. A Rodvias recebeu o convite
no mesmo dia da publicação do
edital, em 12 de agosto. As outras
três, cinco dias depois. Até a contratação da Rodvias, os responsáveis pela fiscalização dessa reforma foram engenheiros da própria
prefeitura.
Projeção
A empresa que venceu a concorrência para fazer as obras de
reforma no pronto-socorro foi a
Projeção Engenharia, que pertence a Humberto Tarcísio de Castro.
Essa empresa teve como sócio
Ronan Maria Pinto. Os dois, juntamente com Klinger e outras três
pessoas, foram denunciados na
semana passada pelo Ministério
Público por suposta participação
um esquema de arrecadação de
propina para campanhas políticas do PT. Desde 1997, a Projeção
manteve 44 contratos com a Prefeitura de Santo André, que totalizaram R$ 18 milhões.
O valor do contrato com a Projeção para a reforma do pronto-socorro foi de R$ 719 mil, para um
período de cinco meses.
Mas a obra levou oito meses para ser concluída e a prefeitura gastou R$ 1,078 milhão -um acréscimo de 49%.
Esse contrato da Rodvias para
administração de obras no Pronto-Socorro do Hospital Municipal
sucedeu um outro, de fevereiro do
mesmo ano, também com a mesma empresa, para gerenciamento
de obras no próprio hospital. O
prazo para a conclusão do serviço
foi de quatro meses e meio e o valor do contrato, R$ 122 mil.
Serviços gerais
Em fevereiro de 1998, quando
completou um ano de existência,
a Rodvias obteve mais um contrato com a prefeitura, no valor de
R$ 1,228 milhão, com duração de
quatro meses. O objeto foi "serviços de gerenciamento, assessoria
e prestação de serviços gerais".
Um outro trabalho prestado à
Prefeitura de Santo André aconteceu em outubro de 98. A empresa
foi encarregada de fazer o gerenciamento e controle tecnológico
parcial das obras de remodelação
viária e reurbanização no calçadão em três bairros da cidade. Valor do contrato: R$ 1,006 milhão.
No ano passado, a empresa venceu uma licitação de R$ 4 milhões
para a execução de projetos e gerenciamento de obras viárias e de
drenagem. A seu favor, pesaram a
nota técnica (ela obteve 10, enquanto a outra concorrente, 9) e
R$ 16 mil de diferença da oferta da
segunda colocada.
O capital social da empresa na
época de sua criação era de R$
5.000. Atualmente, é de R$ 350
mil -um aumento de 6.900% entre 1997 e 2002. O aumento do capital social pode se dá por reinvestimento dos lucros ou entrada de
sócios. No caso da Rodvias, os sócios são os mesmos desde o início.
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