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Exame não causou morte, dizem médicos
Segundo cardiologistas, o cateterismo a que Ruth Cardoso foi submetida não apresenta grandes riscos
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Não há relação entre o cateterismo feito pela ex-primeira-dama Ruth Cardoso na última
segunda-feira e a arritmia grave que a matou na noite de anteontem, avaliam cardiologistas ouvidos pela Folha. Estima-se que 160 mil pessoas
morram por ano no país vítimas de morte súbita, causada
na maioria das vezes por arritmias graves -95% antes de serem hospitalizadas.
Considerado o exame mais
completo para detectar se existe obstrução nas coronárias, o
cateterismo é invasivo, mas
não apresenta grandes riscos.
As chances de uma arritmia
causada pelo procedimento
não chegam a 1%.
"Quando o cateterismo é
normal ou apresenta alterações que não são passíveis de
tratamento imediato, a pessoa
fica algumas horas em observação e vai para casa no mesmo
dia", afirmou o cardiologista
Sergio Timerman, da Comissão
de Ressuscitação do InCor
(Instituto do Coração).
Ele está convencido de que
não houve relação entre o cateterismo e a arritmia sofrida por
Ruth. "Definitivamente, não."
Na avaliação do cardiologista
Eduardo Saad, médico do setor
de arritmia do Instituto Nacional de Cardiologia, a maioria
das arritmias são reversíveis se
a pessoa tomar um choque elétrico no peito em, no máximo
três minutos. "Se ela [Ruth] estivesse dentro de um hospital,
as chances de sobreviver poderiam ter sido maiores."
Saad diz que quando há um
risco previamente estabelecido
de arritmia cardíaca, pode-se
indicar a colocação de desfibrilador (implantável) no coração.
Para o nefrologista Artur
Beltrame Ribeiro, médico de
Ruth, não havia possibilidade
de reverter a arritmia, mesmo
dentro de um hospital. "Da intensidade que foi, nem dentro
de um hospital", afirmou .
Segundo ele, a ex-primeira-dama tinha problemas cardíacos sob controle e já havia colocado um stent (pequena "rede"
que serve para filtrar placas de
gordura e desbloquear artérias) anteriormente. No último
cateterismo, feito no Hospital
do Rim, da Unifesp (Universidade Federal do Estado de São
Paulo), não foi constatado problemas, segundo ele.
"Só reavaliamos e achamos
que foi uma coisa [a dor no peito que Ruth sentiu na sexta]
circunstancial e ela teve alta.
Ela não teve infarto. Teve uma
alteração elétrica do coração."
A Folha apurou que o último
cateterismo feito por Ruth, na
segunda-feira, apontou a existência de um aneurisma da artéria aorta. Ribeiro nega a informação. "Não é verdade. Ela
não tinha aneurisma da aorta",
disse ele, encerrando abruptamente a entrevista.
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