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EM CAMPANHA
Em visita a Buíque (PE), presidente faz apelo ao Congresso para votar mudanças; cobra coral assusta os presentes
No sertão, Lula pede união pelas reformas
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BUÍQUE (PE)
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva aproveitou ontem o lançamento do programa Fome Zero
no interior de Pernambuco para
fazer o seu mais forte pronunciamento a favor das reformas previdenciária e tributária.
"Ou nós deixamos as divergências para a época das eleições, ou o
Brasil não tem solução", disse Lula, em seu discurso na principal
praça de Buíque (275 km de Recife). No final do pronunciamento,
Lula voltou a pedir a união de todos os partidos para a aprovação
dos projetos de reforma, ainda serão encaminhados ao Congresso.
Lula citou dois adversários políticos pernambucanos presentes à
solenidade, o governador Jarbas
Vasconcelos do PMDB e o prefeito de Recife João Paulo, para cobrar a união dos políticos.
"Não quero saber a que partido
vocês pertencem ou qual a religião que consagram. Não tenho
tempo para arrumar inimigos.
Quero arrumar mais amigos porque o povo brasileiro está cansado de sofrer."
Segundo o presidente, as reformas são necessárias e urgentes.
"Na vida, de quando em quando,
a gente descobre que tem coisas
superadas, que tem coisas que no
começo eram maravilhosas. Mas
o tempo se encarregou de defasá-las, e nós precisamos ter competência de modernizar aquilo que
já não é mais o modelo ideal, seja
de tributo, seja de relações trabalhistas, seja de cultura sindical e
de qualquer outro assunto."
Acompanhado pelos ministros
Humberto Costa (Saúde), José
Graziano (Segurança Alimentar),
Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) e Celso Amorim
(Relações Exteriores), Lula citou
"túmulos de ricos" para defender
a ampliação da reforma agrária
no Brasil. "Em muitos cemitérios,
há túmulos de ricos com mais de
duas tarefas [unidade de área que
equivale a cerca de 3.000 m2" só de
granito, e o coitadinho do lavrador não tem nem sequer uma tarefa para plantar."
Na opinião do presidente, "reforma agrária não é tirar miseráveis da cidade para torná-los mais
miseráveis no campo". O presidente citou sua origem nordestina para dizer que é o político mais
capacitado a fazer essa reforma.
Sem fazer promessas, Lula insinuou a possibilidade de realizar a
transposição do rio São Francisco, medida que ajudaria na distribuição de água para o Nordeste.
"O projeto de transposição existe
desde 1847. Se houver transposição neste país, será no meu governo, pois eu sei o que é a seca." Lula
ganhou uma cesta de alimentos e
um artesanato indígena.
Cobra
Uma cena insólita aconteceu
antes de o presidente fazer seu
discurso em Buíque. Enquanto
cumprimentava os populares e
beijava crianças no sítio Jurema, a
presença de uma cobra coral assustou o presidente. Ao perceber
o réptil, que foi morto após ser pisoteado por seus seguranças, o
presidente recuou.
No sítio Jurema, Lula entregou
um cartão de cadastramento do
Seguro Safra para o agricultor José Cícero Filho, 50: o seguro vai
garantir uma renda mínima de
até R$ 465 aos produtores que
perderem mais de 50% da safra de
milho, arroz, feijão, mandioca e
algodão.
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