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São Paulo, domingo, 27 de abril de 2003

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EM CAMPANHA

Em visita a Buíque (PE), presidente faz apelo ao Congresso para votar mudanças; cobra coral assusta os presentes

No sertão, Lula pede união pelas reformas

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BUÍQUE (PE)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou ontem o lançamento do programa Fome Zero no interior de Pernambuco para fazer o seu mais forte pronunciamento a favor das reformas previdenciária e tributária.
"Ou nós deixamos as divergências para a época das eleições, ou o Brasil não tem solução", disse Lula, em seu discurso na principal praça de Buíque (275 km de Recife). No final do pronunciamento, Lula voltou a pedir a união de todos os partidos para a aprovação dos projetos de reforma, ainda serão encaminhados ao Congresso.
Lula citou dois adversários políticos pernambucanos presentes à solenidade, o governador Jarbas Vasconcelos do PMDB e o prefeito de Recife João Paulo, para cobrar a união dos políticos.
"Não quero saber a que partido vocês pertencem ou qual a religião que consagram. Não tenho tempo para arrumar inimigos. Quero arrumar mais amigos porque o povo brasileiro está cansado de sofrer."
Segundo o presidente, as reformas são necessárias e urgentes. "Na vida, de quando em quando, a gente descobre que tem coisas superadas, que tem coisas que no começo eram maravilhosas. Mas o tempo se encarregou de defasá-las, e nós precisamos ter competência de modernizar aquilo que já não é mais o modelo ideal, seja de tributo, seja de relações trabalhistas, seja de cultura sindical e de qualquer outro assunto."
Acompanhado pelos ministros Humberto Costa (Saúde), José Graziano (Segurança Alimentar), Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) e Celso Amorim (Relações Exteriores), Lula citou "túmulos de ricos" para defender a ampliação da reforma agrária no Brasil. "Em muitos cemitérios, há túmulos de ricos com mais de duas tarefas [unidade de área que equivale a cerca de 3.000 m2" só de granito, e o coitadinho do lavrador não tem nem sequer uma tarefa para plantar."
Na opinião do presidente, "reforma agrária não é tirar miseráveis da cidade para torná-los mais miseráveis no campo". O presidente citou sua origem nordestina para dizer que é o político mais capacitado a fazer essa reforma.
Sem fazer promessas, Lula insinuou a possibilidade de realizar a transposição do rio São Francisco, medida que ajudaria na distribuição de água para o Nordeste. "O projeto de transposição existe desde 1847. Se houver transposição neste país, será no meu governo, pois eu sei o que é a seca." Lula ganhou uma cesta de alimentos e um artesanato indígena.

Cobra
Uma cena insólita aconteceu antes de o presidente fazer seu discurso em Buíque. Enquanto cumprimentava os populares e beijava crianças no sítio Jurema, a presença de uma cobra coral assustou o presidente. Ao perceber o réptil, que foi morto após ser pisoteado por seus seguranças, o presidente recuou.
No sítio Jurema, Lula entregou um cartão de cadastramento do Seguro Safra para o agricultor José Cícero Filho, 50: o seguro vai garantir uma renda mínima de até R$ 465 aos produtores que perderem mais de 50% da safra de milho, arroz, feijão, mandioca e algodão.


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