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CEARÁ
Ex-governador vê a disputa ir ao 2º turno pela primeira vez em 16 anos; "onda Lula" foi determinante
Disputa se torna plebiscito sobre 'era Tasso'
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
O que parecia uma disputa fácil
ao governo do Ceará, levada ao
segundo turno apenas por "uma
vírgula", tornou-se uma espécie
de plebiscito acirrado em que está
em jogo a permanência ou a queda da chamada "era Tasso".
A "onda Lula" foi determinante
para tornar a eleição competitiva
no Ceará. Depois de 16 anos no
poder, o ex-governador e senador
eleito Tasso Jereissati (PSDB) viu
a disputa estadual ir para o segundo turno pela primeira vez.
No primeiro turno, seu candidato, Lúcio Alcântara (PSDB), 59,
chegou muito perto da vitória: ficou com 49,79% e precisaria de
pouco mais de 6.000 votos para
ter mais de 50%. "Foi por uma
vírgula", definiu Lúcio à época. O
segundo colocado, o até então
pouco conhecido José Airton Cirilo (PT), 45, ficou com 28,33%.
Com o início do segundo turno,
a estratégia petista de vincular José Airton a Lula surtiu ainda mais
efeito do que no primeiro, principalmente depois de Tasso e Lúcio
declararem abertamente o voto
em José Serra (PSDB) -no primeiro turno, eles apoiaram Ciro
Gomes (PPS). Ciro entrou em jogo e lançou o movimento "Lu-Lu" -uma defesa explícita das
candidaturas de Lúcio e Lula.
Tasso chegou a pedir votos a
Serra no palanque, mas sempre
era vaiado. "Foram várias vezes.
Eu até começava avisando: olha,
não é para vaiar, não, mas meu
candidato é o Serra", conta. Na reta final, ele deixou de citar seu
candidato nos comícios.
A força da "onda Lula" levou José Airton a encostar em Lúcio nas
pesquisas: ele aparece com 46%,
contra 54% do tucano, segundo o
Ibope, uma diferença que, para os
petistas, dá para tirar com a militância na boca-de-urna, hoje.
Para barrar essa "onda", os tucanos começaram a atacar. Primeiro, ao dizer que José Airton
não tem idéias próprias. Depois,
com denúncias contra o petista
no horário eleitoral.
A principal denúncia é sobre a
compra de uma casa em Fortaleza
por José Airton, alvo de uma investigação no Ministério Público
Estadual. A suspeita é sobre a ligação do petista com o ex-dono da
casa, João Gonçalves Júnior, dono
de uma empresa, a KVA Engenharia, que prestou serviços para
a Prefeitura de Icapuí quando José Airton era prefeito. O petista,
chegou até a trabalhar para a empresa quando deixou a prefeitura.
O candidato do PT nega as acusações e diz que tudo não passa de
perseguição política.
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