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PARANÁ
Ex-governadores e ex-aliados, Requião (PMDB) e Alvaro (PDT) trocaram farpas durante toda a campanha
Ex-aliados, Requião e Alvaro apóiam Lula
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
Se Luiz Inácio Lula da Silva for
eleito presidente, hoje, o Paraná
terá um governador alinhado
com o governo federal seja qual
for o escolhido pela população
paranaense neste domingo. E Roberto Requião (PMDB), 61, e Alvaro Dias (PDT), 57, que apóiam
Lula no segundo turno, chegam
às urnas hoje com o peemedebista
em vantagem nas pesquisas.
Não são as únicas coincidências
dos dois concorrentes. Ambos já
governaram o Paraná no PMDB e
já experimentaram derrotas em
disputas com o atual governador,
Jaime Lerner (PFL). Alvaro perdeu em 94, e Requião, em 98.
Outras coincidências: ambos
são senadores e ex-integrantes do
mesmo grupo político no Estado.
Mas as coincidências param por
aí. Depois da perda do poder para
o grupo de Lerner, os hoje adversários patrocinaram um lento distanciamento, que levou à troca de
agressões e farpas em entrevistas
e debates desde o primeiro turno,
além de disputarem a autoria das
maiores obras realizadas no Paraná antes de perderem o poder para o grupo de Lerner.
Equilíbrio e desequilíbrio
Alvaro classifica Requião de
"desequilibrado", na conta do
destempero verbal. Recebe de troco a pecha de "equilibrista", pela
troca de partidos que já fez e pelas
alianças que promove. Eles digladiaram até o último dia de propaganda eleitoral, anteontem.
Pesquisa do Ibope realizada e
divulgada ontem apontou uma
virada de Requião na preferência
do eleitorado. Ele tem 54% dos
votos válidos, e Alvaro, 46%. Com
isso, ele desfez a situação de empate que até então prevalecia.
Alvaro chegou na frente no primeiro turno, com 31,40% dos votos válidos, contra 26,18% do peemedebista. A diferença pró-Alvaro representou cerca de 300 mil
votos, que Requião já teria conseguido descontar com a adesão de
PT, PPS e PL à sua campanha, incrementada pela "onda Lula".
Recentemente, Requião procurou aproximar-se da esquerda.
Encontrou reciprocidade no PT,
com quem convive ora em harmonia, ora aos trancos, desde 94.
Praticante da negociação política, Alvaro não persegue ideologia.
Fecha acordos com ex-adversários em nome do objetivo eleitoral, sem dificuldades. Abrigado
no PDT depois de pressionado a
deixar o PSDB, se aliou nesta eleição com PTB e PPB.
No segundo turno, comprometeu seu discurso de oposição a
Lerner, atraindo o apoio do hoje
interlocutor do grupo em vias de
apear do poder estadual, o prefeito de Curitiba, Cassio Taniguchi
(PFL). Na campanha de 1998, Alvaro fechou um acordo branco
com Lerner. O PFL não lançou
candidato ao Senado e o PSDB
(então partido de Alvaro) não disputou o governo, enquanto Requião se aliava com o PT.
O eventual governo Requião representará o fortalecimento da
oposição ao PFL no Estado. Ele terá trânsito livre com um eventual
governo Lula, de quem recebe
apoio e, em 2004, será o articulador da aliança PMDB-PT às prefeituras. Se não houver rachas pelo caminho, essa união vai tentar
desbancar o PFL também da Prefeitura de Curitiba.
Com Alvaro no governo, as forças políticas do Estado se pulverizam. Caciques do PTB e do PPB
terão espaço garantido, os pefelistas de Lerner ganharão novo fôlego, e o PSDB comandado pelo
grupo de Euclides Scalco e José
Richa encontrará espaço fértil para crescer como nova força política, de oposição ao governo.
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