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Coordenador do PT morreu após reunião tensa
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
DO ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE
Houve um momento, quando se iniciava a campanha do
segundo turno, em que o candidato petista ao governo gaúcho, Tarso Genro, parou tudo.
Foi entre a noite do dia 8 e a
madrugada do dia 9. Tarso perdeu, vítima de infarto, o coordenador político da sua campanha e um de seus companheiros mais fiéis: o sociólogo
José Eduardo Utzig, 42.
Entre os amigos de Tarso e
Utzig o temor era o mesmo: o
de Tarso afundar na depressão
-o que, pelo menos publicamente, não ocorreu.
Desde antes do primeiro turno, Utzig afirmava dentro do
comando da campanha que
muita coisa teria de ser modificada. Para começar, a mira
posta no ex-governador Antônio Britto (PPS) durante o primeiro turno impedira a equipe
petista de enxergar o crescimento de Rigotto, por fora.
Utzig havia feito esse diagnóstico e também se responsabilizava pelo erro -haveria
pouco tempo para "desconstruir" Rigotto. Poucas horas
antes da sua morte, ele comandou uma tensa reunião do PT,
com todas as principais correntes e diretórios.
Discutia-se a necessidade de
Tarso mostrar que teria diferenças em relação ao governador Olívio Dutra, seu correligionário. Isso seria importante,
acreditavam muitos militantes,
para pular dos 37,3% dos votos
válidos obtidos no primeiro
turno para a maioria absoluta.
"Quero apaziguar e unir o
partido", disse Utzig, em entrevista à Folha, ainda no encontro, antes de ir para sua casa
-onde acabou morrendo.
Indagado sobre a resistência
da corrente Democracia Socialista, próxima a Olívio Dutra,
de aceitar a campanha com
Tarso se apresentando diferente do atual governador, Utzig
disse em entrevista que não se
pronunciaria sobre o assunto.
Posteriormente, na campanha do segundo turno, Tarso se
disse candidato a continuar o
trabalho de Olívio, mas afirmou repetidamente que a sua
eventual administração teria
muitos contrastes com a atual.
Até hoje a atitude causa mal
estar em setores do governo do
Estado e do PT. E entre Tarso e
Olívio, que tem restrições a ela.
Integrantes do grupo Rede,
considerado moderado no PT,
Tarso e Utzig militavam juntos
desde os anos 80, quando integravam a dissidência do PC do
B da qual fazia parte o candidato do PT ao governo de SP, José
Genoino. Sem Utzig, a direção
da campanha de Tarso Genro
foi assumida por um conjunto
de militantes.
(LG e MM)
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