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MATO GROSSO DO SUL
Tropas federais fiscalizam segundo turno entre o governador, Zeca do PT, e Marisa Serrano (PSDB)
Uso da máquina e denúncia marcam disputa
CHICO DE GOIS
ENVIADO ESPECIAL A CAMPO GRANDE
FABIANO MAISONNAVE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
A campanha durante o segundo
turno em Mato Grosso do Sul foi
marcada por denúncias de compra de votos, uso da máquina pública e agressão entre militantes.
Todo esse clima levou o TSE
(Tribunal Superior Eleitoral) a
autorizar, pela primeira vez no
Estado, a utilização de tropas federais para fiscalizar as eleições de
hoje. No total, 6.000 homens do
Exército estarão atuando nos sete
principais colégios eleitorais.
Dados do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de Mato Grosso do
Sul dão uma amostra do que foi a
eleição no Estado. De acordo com
a assessoria de imprensa do órgão, em comparação com 1998,
aumentou em 30% o número de
representações movidas pelos
candidatos, sem contar as ações
de investigação. No total, até sexta-feira à noite foram 390 representações.
No segundo turno, houve 46
ações -17 da coligação que apóia
José Orcírio dos Santos, Zeca do
PT, à reeleição, 14 da coligação de
Marisa Serrano (PSDB), 14 do Ministério Público Federal e uma do
Ministério Público Estadual.
Pesquisa
Na última pesquisa Ibope, divulgada ontem, o governador e
candidato à reeleição aparece
com 53% da preferência, em votos válidos, do eleitorado.
A candidata tucana, por sua vez,
está com 47% das intenções de
voto.
A possibilidade de um segundo
turno pegou de surpresa os petistas, que acreditavam em uma vitória tranquila em 6 de outubro.
Assessores de Zeca do PT admitiram que o governador pensou
que sua reeleição estava garantida
e, por isso, acabou dedicando-se
mais à eleição ao Senado de Delcídio do Amaral (PT) e de três deputados federais, entre eles seu
sobrinho e braço direito, Vander
Loubet.
Quando percebeu que sua eleição não eram favas contadas, Zeca passou a agir.
Uso da máquina
Seus partidários, porém, exageraram na dose. Esta semana, seis
funcionários de alto escalão foram exonerados ou afastados de
suas funções sob a acusação de
uso da máquina pública.
No domingo passado, o governo exonerou o coordenador-geral
do programa estadual de cestas
básicas, Neriberto Pamplona.
Reportagem da Folha revelou
que Pamplona e subordinados
realizavam reuniões com moradores da periferia de Campo
Grande para pedir votos a Zeca e
ao presidenciável petista, Luiz
Inácio Lula da Silva.
Outras duas servidoras foram
afastadas, entre elas a coordenadora do programa em Campo
Grande, Isabel Fernandes Alvarenga. Cerca de 60 mil cestas básicas são distribuídas por mês dentro desse programa, uma das
principais bandeiras de Zeca na
campanha pela reeleição.
Dois dias depois, nova reportagem da Folha revelou que o comandante-geral da PM, José Ivan
de Almeida, usou o serviço de comunicações da corporação para
convocar oficiais a um ato pró-Zeca. No mesmo dia, Almeida foi
afastado, e o TSE aprovou por
unanimidade a requisição de tropas federais para acompanhar a
votação de hoje.
Na quinta-feira passada, a Polícia Federal flagrou a diretora-adjunta do Detran-MS, Marlene Alves Nogueira Rondon, com propaganda política de Zeca do PT
dentro de um carro oficial utilizado por ela. Horas depois, o governo também a exonerou.
Por último, na sexta-feira o governo afastou o comandante do
DOF (Departamento de Operações de Fronteira), coronel Júlio
Cezar Komiyama, e o comandante do 3º Batalhão da PM, tenente-coronel Erudilho Nabuco, ambos
lotados em Dourados (220 km de
Campo Grande).
Gravação entregue à Justiça
Eleitoral pela coligação de Marisa
mostra que os dois pediram votos
a Zeca dentro do batalhão, numa
reunião da tropa.
Gasolina
Na sexta-feira, foi a vez da coligação que apóia Zeca do PT entrar com uma ação de investigação contra simpatizantes da candidatura de Marisa. Em uma fita
gravada durante um encontro entre mototaxistas e o prefeito de
Campo Grande, André Puccinelli
(PMDB), que apóia Marisa, o peemedebista afirma que vai dar uma
"contribuição" aos mototaxistas.
A "contribuição" seria o fornecimento de dez litros de gasolina
por semana, até o final do ano, caso Marisa seja eleita governadora.
O prefeito confirmou o encontro,
mas negou que tenha oferecido
gasolina em troca de votos.
A compra de votos é uma prática comum no Estado. Segundo
pesquisa realizada em Mato Grosso do Sul, em agosto passado, revela que 18% dos eleitores do Estado receberam proposta para
vender seu voto em 2000 -metade afirma ter aceitado.
O confronto entre militantes do
PT e do PSDB também virou caso
de polícia. Na quarta-feira, cem
militantes adversários envolveram-se em uma briga na principal
avenida da cidade. Por causa disso, o TRE proibiu a concentração
de torcidas em frente a TV Morena, afiliada da TV Globo, durante
o debate entre os candidatos na
quinta-feira à noite.
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