|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES 2008 / JUSTIÇA ELEITORAL
Decisão do TSE sobre entrevistas esvazia punição à imprensa
Alteração feita pelo tribunal na resolução sobre propaganda eleitoral deverá anular condenações de primeira instância
Tribunal Regional Eleitoral vai analisar as sentenças; tendência é que casos sejam julgados improcedentes, segundo juízes e advogados
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A alteração feita pelo Tribunal Superior Eleitoral na polêmica resolução sobre propaganda eleitoral -que serviu de
base para que promotores de
Justiça movessem ações contra
jornais e revistas que publicaram entrevistas com pré-candidatos à sucessão municipal-
praticamente anula as condenações de primeira instância.
"A alteração feita pelo tribunal deixou a resolução mais clara, diz que entrevistas com exposição de plataforma política
está permitida e que o dever de
dar tratamento isonômico aos
candidatos cabe às rádios e
TVs, que são concessões públicas", disse ontem o promotor
eleitoral Eduardo Rheingantz,
um dos que assinaram as representações contra a imprensa.
Nas representações, a Promotoria acusou a Folha, o "Estado de S. Paulo" e duas vezes a
revista "Veja São Paulo" de publicar entrevistas em que os
pré-candidatos antecipam suas
propostas de campanha. Sustentou ainda que, ao focar em
apenas um postulante, os demais ficaram em desvantagem.
Três representações foram
acolhidas pela Justiça eleitoral:
uma contra a Folha e duas contra a "Veja São Paulo", multadas em R$ 21.282 por entrevista. Os pré-candidatos Marta
Suplicy (PT) e o prefeito Gilberto Kassab (DEM) também
receberam multa.
Pelo novo texto da resolução,
que serve de guia para a Justiça
eleitoral de todo o país, os pré-candidatos podem conceder
entrevistas e falar projetos políticos antes mesmo do dia 6.
Decidiu-se ainda que o tratamento isonômico entre os postulantes deve ser respeitado
apenas para rádio e TV, que são
concessões públicas.
As condenações serão analisadas pelo Tribunal Regional
Eleitoral. A tendência, segundo
advogados e juízes ouvidos pela
reportagem, é que as sentenças
sejam reformadas e os casos
julgados improcedentes.
"Não é caso de simples anulação [das sentenças], mas a decisão do TSE, com certeza, terá
uma força de persuasão muito
forte sobre o TRE", afirmou
ontem o advogado Fernando
Neisser, que defende a ex-prefeita Marta Suplicy.
Para os advogados da Folha
e do "Estado", Luís Francisco
Carvalho Filho e Manuel Alceu
Affonso Ferreira, a alteração
nem seria necessária pois, segundo eles, já era claro que as
restrições não se aplicavam à
imprensa escrita.
Desagravo
Para os colegas do juiz e dos
promotores que assinaram as
representações contra a imprensa, a alteração do TSE confirma que eles estavam certos.
Caso contrário, dizem, o dispositivo não seria revogado.
Na segunda-feira, a Apamagis (Associação Paulista dos
Magistrados) e a APMP (Associação Paulista do Ministério
Público) farão ato de desagravo
aos colegas. A crítica que mais
irritou a classe partiu do ex-ministro da Justiça Saulo Ramos,
que atribuiu o entendimento
deles à falta de estudo.
Texto Anterior: Curitiba: Richa homologa candidatura com ampla coligação Próximo Texto: Corregedores criticam falta de funcionários Índice
|