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ELEIÇÕES 2008 / LEI EM QUESTÃO
PT irá à Justiça contra uso da máquina por Kassab
Utilização da prefeitura para tentar influir no Datafolha é alvo da campanha de Marta
Prefeito pediu, em e-mail, "ação" dos subprefeitos para localizar pesquisadores; uso da estrutura pública pode gerar candidatura cassada
Marlene Bergamo/Folha Imagem
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A ex-prefeita Marta Suplicy visita o Centro de Tradições Nordestinas, no Limão, zona norte de SP
CONRADO CORSALETTE
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
A coordenação da campanha
de Marta Suplicy (PT) irá pedir
que a Justiça Eleitoral investigue se houve uso da máquina
pública pelo prefeito de São
Paulo, Gilberto Kassab (DEM),
que tenta a reeleição. A Folha
revelou ontem que Kassab enviou e-mail para subprefeitos
pedindo uma "ação" de modo a
tentar influir na última pesquisa Datafolha.
A mensagem foi enviada em
23 de julho -o primeiro dos
dois dias de campo do levantamento, que apontou Kassab
em terceiro lugar (11%).
Na noite de ontem, o candidato do PSOL, Ivan Valente,
protocolou no cartório da 1ª
zona eleitoral uma representação de abuso de poder contra
Kassab pelo suposto uso da
máquina pública em benefício
de sua campanha.
O prefeito voltou a negar ontem o uso da máquina pública e
repetiu que sua intenção era
evitar que adversários, especificamente os petistas, influenciassem o levantamento. Os
procedimentos de segurança e
a metodologia do Datafolha
impedem que ações coordenadas modifiquem o resultado.
Marta, que visitou ontem o
Centro de Tradições Nordestinas e a festa anual dos motoristas de ônibus da capital, evitou
comentar o caso. "Estou pasma, não tenho palavras", limitou-se a dizer a ex-prefeita.
Coordenador da campanha
petista, o deputado federal
Carlos Zarattini (PT) justificou
a intenção do partido de ir à
Justiça contra Kassab. "Servidor público não é contratado
para fazer campanha ou interferir nela." A Lei Eleitoral prevê punições a quem utiliza cargo público para fins eleitorais.
A pena para quem for condenado por tal ilegalidade pode chegar à cassação da candidatura.
O candidato tucano, Geraldo
Alckmin, apesar de hospitalizado por conta de uma diverticulite, conversou com aliados e
decidiu que não irá entrar com
representação contra Kassab.
Dividindo o primeiro lugar
nas pesquisas com Marta, o ex-governador disse temer dinamitar as pontes com o prefeito
para um eventual acordo na
disputa de segundo turno.
Reservadamente, a avaliação
dos tucanos é a de que o gesto
demonstra "desespero" e "descontrole" de Kassab. E pode
afastar o prefeito de seu antecessor e padrinho político, o
governador José Serra (PSDB).
"Cada um faz a campanha
como pode. A nossa não se dá
dessa maneira. Não pretendemos tomar nenhuma atitude,
embora a gente entenda que
eles tenham atentado contra
uma das instituições mais importantes do país, que é o Datafolha", disse o deputado federal
Edson Aparecido, coordenador
da campanha tucana.
Na seara petista existe uma
divisão quanto às conseqüências políticas do caso. Parte da
coordenação da campanha de
Marta não vê com bons olhos a
perspectiva de Kassab ficar
"desidratado" tão cedo, pois o
prefeito ajuda a diluir os votos
do eleitorado antipetista. Seu
enfraquecimento faria esses
votos migrarem para Alckmin
precocemente, colocando o tucano à frente de Marta. Outros
petistas preferem polarização
imediata com o tucano, numa
antecipação, dizem, do segundo turno. Há o consenso de que
Kassab deve crescer com a propaganda gratuita na TV e no rádio, que começa em 19 de agosto. O prefeito é o candidato que
terá o maior tempo na TV.
Colaborou a Folha Online
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