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"Eu simplesmente emprestei o nome", afirma deputado
Alberto Fraga (DEM) diz que "não é da bancada de Dantas", porém reconhece amizade com o ex-cunhado do banqueiro
Congressista que entrou com uma representação em tribunal fala que não sabia que escritório que o "ajudou" foi contratado pela BrT
DA REPORTAGEM LOCAL
O deputado federal licenciado e atual secretário de Transportes do governo do Distrito
Federal, Alberto Fraga (DEM-DF), disse, em entrevista por
telefone à Folha, na última
quarta-feira, que o escritório
de advocacia Menezes & Vieira,
contratado pela Brasil Telecom, "confeccionou" a representação ingressada em nome
do parlamentar no TCU. Fraga
disse que o assunto tinha "relevante" interesse público e social. A seguir, trechos da entrevista.
(RUBENS VALENTE)
FOLHA - Como foi o trabalho do escritório de advocacia Menezes &
Vieira junto à representação que o
sr. fez no TCU em 2005?
ALBERTO FRAGA - O escritório foi
contratado, eu fiz a ação, entrei
com a ação, a princípio recebi
uma comunicação de uns funcionários da Brasil Telecom denunciando o contrato "put",
que era um contrato que causava um prejuízo para os aposentados, no caso aí os fundos de
pensão.
E, como todos nós sabemos,
o quanto isso é necessário, uma
ação competente, à altura. E
por isso que houve essa contratação desse escritório.
FOLHA - Que tipo de ajuda o escritório lhe deu, efetivamente, para ficar claro?
FRAGA - Ajuda? Nenhuma.
FOLHA - Que tipo de serviço ele
prestou?
FRAGA - Quem providenciou a
ação, quem confeccionou a
ação foram eles, né.
FOLHA - Foi o escritório Menezes &
Vieira?
FRAGA - É. Pra falar a verdade,
eu não lembro do nome do escritório. Essa ação parece que
foi em 2004 ou 2005, eu não me
recordo. Eu me lembro que a
gente tinha, comecei com um
empresário, com um advogado,
depois contratamos... contratei
outro escritório. Mas não lembro exatamente dos nomes.
FOLHA - Esse escritório que fez a
ação, confeccionou a ação, lhe procurou? Como foi o início?
FRAGA - Eu acho que eu fui
apresentado por um amigo, não
lembro quem foi no momento,
mas eu lembro que eu estava
preparando a ação, e esse escritório me foi apresentado para
que pudesse me ajudar.
FOLHA - A Câmara dos Deputados
não pode fornecer esse tipo de
apoio jurídico para esses casos?
FRAGA - Mas foi o que eu fiz. Na
verdade, a ação foi quase toda
feita por mim e por, por, por
meu chefe-de-gabinete, e aí o
advogado desse escritório só
deu uma forma, deu uma melhorada, vamos dizer assim.
Mas quem criou, quem fez a
ação, fomos nós. Agora, eles
que... evidentemente depois foi
feito um crivo desse escritório.
FOLHA - O sr. sabia que o escritório
era contratado pela Brasil Telecom?
FRAGA - Não, não sabia. O... Um
dos funcionários que tinha me
avisado, que tinha pedido ajuda, tinha dito exatamente isso:
"Não, a gente arruma um jeito
de dar uma ajuda pra você".
Porque eu não ia pagar honorários. Então aí ficou de fazer...
Pode ser que a vinculação esteja exatamente aí. O que eu
posso dizer é o seguinte: eu não
sei como é que foi feito isso.
Agora, o assunto era de grande
relevância.
FOLHA - E o desfecho do caso, como foi, na sua avaliação?
FRAGA - Pelo que sei, teve uma
posição favorável e depois o ministro mudou de posição, não
se sabe por que mudou o parecer. E aí eu não acompanhei, eu
saí, pedi licenciamento para
entrar na secretaria.
FOLHA - O sr. conhece o banqueiro
Daniel Dantas?
FRAGA - Não. Conheço assim: o
conheci quando estava na CPI
[dos Correios], quando ele foi
depor lá. Eu não sou da bancada
do Daniel Dantas, como o PT
estava dizendo. A ação que eu
defendi, e defendo, é que o contrato chamado "put" é escandaloso, que geraria prejuízos para
os aposentados. Tanto é que
havia denúncia em cima de denúncia. Esse era meu envolvimento. Quando fui procurado
por esses dois engenheiros de
telecomunicações, me pediram
essa ajuda. Eu simplesmente
emprestei o nome e falei: "Vou
entrar, não tem nenhum problema". Não tenho ligação com
Daniel Dantas, se tivesse, falaria, sem nenhum problema.
Sou muito amigo do cunhado
dele, o Carlos Rodenburg. Nos
conhecemos no Congresso,
através de outro amigo meu em
comum, um deputado do Paraná. Tenho muito apreço pelo
Rodenburg.
FOLHA - Quem foram esses funcionários da BrT que o procuraram?
FRAGA - O nome dos engenheiros não é bom citar, não, porque, imagina você, eles trabalham até hoje, serão demitidos
com certeza. Se na época eu
preservei... Quando eles me
procuraram, procuraram numa comissão para não se expor.
Se eu falar agora é a mesma coisa dos caras perderem o emprego, na hora.
FOLHA - O sr. conversou sobre essa
representação com Carlos Rodenburg?
FRAGA - Não especificamente.
Mas eu já tinha entrado com
uma ação quando comecei a
conversar com ele, e não houve
nenhuma ligação. Não houve
nenhuma persuasão por parte
dele, se é isso que você está querendo saber.
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