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RUMO A 2004
Em ano de eleição, Prefeitura de São Paulo espera obter R$ 535,4 milhões, contra R$ 167,5 milhões neste ano
BNDES e Caixa triplicam verba de Marta
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O BNDES e a Caixa Econômica
Federal, dois órgãos ligados ao
governo federal, são os grandes
responsáveis pelo aporte de recursos que a Prefeitura de São
Paulo terá para investir em 2004,
ano de eleições municipais.
A prefeita petista Marta Suplicy,
candidata à reeleição, espera contar com R$ 535,4 milhões de financiamento dessas duas instituições, segundo a previsão de operações de crédito do Orçamento
de 2004, que será enviado à Câmara Municipal na terça-feira. O
valor é pelo menos três vezes o
que consta do Orçamento deste
ano: R$ 167,57 milhões.
Liberada, a verba será aplicada
na execução de obras: R$ 465,6
milhões, do BNDES, irão para a
construção do novo sistema de
ônibus de São Paulo. Os outros R$
52,9 milhões são do PMAT (Programa de Modernização da Administração Tributária).
A Caixa Econômica Federal,
presidida atualmente por Jorge
Matoso, que foi secretário de Relações Internacionais de Marta,
disponibilizará outros R$ 16,9 milhões para a construção de casas,
o mesmo previsto para este ano.
O financiamento que poderá
engordar o cofre paulistano é
maior que o disponibilizado para
os principais municípios brasileiros em 2002 -cerca de R$ 420
milhões-, ano que teve eleição.
O Orçamento paulistano para
2004 é de cerca de R$ 13 bilhões.
Além dos recursos dessas duas
instituições, a prefeitura contará
ainda com o dinheiro que será enviado pelo governo federal por
convênios e programas sociais.
Apesar de os valores constarem
do Orçamento, isso não significa
que serão, de fato, liberados, já
que o endividamento dos municípios é contabilizado na dívida do
setor público, o que influencia o
desempenho das metas estabelecidas no acordo com o FMI.
Para a oposição, o PT tem como
prioridade a reeleição da prefeita,
o que fará com que a liberação de
verba siga critérios políticos.
"São evidentes os objetivos eleitorais do PT. A cidade de São Paulo precisa de muito mais recursos.
No entanto, estranha-me que o
governo federal precise esperar o
ano eleitoral para liberar o dinheiro", declarou o vereador tucano
Ricardo Montoro.
A prefeitura alega que os financiamentos fazem parte de projetos que vem pleiteando desde o
começo da gestão e que, devido a
extensas negociações, puderam
entrar apenas no Orçamento do
ano que vem.
Belo Horizonte, governada por
um petista (Fernando Pimentel),
não tem previsão de semelhante
aporte de recursos em 2004. A
meta da capital mineira para operações de crédito com a Caixa e
com o BNDES, no ano que vem, é
de cerca de R$ 160 milhões, a mesma que a deste ano. Até agora R$
12 milhões foram liberados.
Dívida
A Lei de Responsabilidade Fiscal estipula como limite de endividamento 1,2 vez a receita corrente
líquida (exclui a contribuição de
servidores para a Previdência) para a obtenção de empréstimos.
Apesar de a relação dívida/receita corrente em São Paulo ser de
2,4, o município conseguiu excluir da restrição o financiamento
para o sistema de transporte e o
PMAT quando renegociou a sua
dívida, em 1999. Segundo o especialista em finanças públicas
Amir Khair, as operações da prefeitura são, portanto, legais.
O prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia (PFL), é um dos que já
reclamaram da falta de financiamento em infra-estrutura.
O Rio quer do BNDES parte do
custo de R$ 169,8 milhões para a
revitalização da zona portuária.
Ainda não obteve resposta, segundo a Secretaria de Fazenda do
município. Espera também autorização para empréstimos externos com o BID e o Japan Bank Internacional Corporation.
"Todos os esquemas estão
montados para São Paulo. Já chegaram a sugerir que, se ajudássemos na votação das reformas, a liberação ficaria mais fácil para o
Rio", disse o deputado Rodrigo
Maia (PFL), filho de Cesar Maia.
Na avaliação do prefeito de Vitória, Luiz Paulo Vellozo Lucas
(PSDB), falta transparência e critério na autorização do Conselho
Monetário Nacional para que sejam realizadas operações de crédito. A capital capixaba está abaixo do limite de endividamento,
mas, segundo o prefeito, falta permissão para obter empréstimos.
"Estamos na fila. Da maneira
como as regras são, quem não está ajustado não poderia ter mais
operações de crédito. São Paulo
não pode ter dívida adicional enquanto a maioria dos municípios
está subendividada", afirmou.
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