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JANIO DE FREITAS
A fórmula do vôo
O problema-gigante que é a
Varig, já incapaz de esticar
a sobrevida até o fim do ano, está
a um passo da solução, mas não
por via de uma das propostas que
voltaram a freqüentar o noticiário nos últimos dias.
A fórmula, resultante da ação
coordenada de vários setores do
governo, não inclui o encontro de
contas, entre as dívidas e os créditos que a Varig alega ter na
União por decorrência, sobretudo, de perdas atribuídas a planos
governamentais antiinflacionários. A indenização pretendida
pela Varig, de valor entre R$ 2,3
bi e R$ 3,5 bi, está sendo julgada
no Superior Tribunal de Justiça.
Não haverá, também, estatização da Varig, que seria o provável resultado da proposta de que
os débitos sejam quitados com
ações da empresa. Como maior
credor da Varig (só a dívida com
a Receita Federal e a Infraero ultrapassa o bilhão), o governo se
tornaria o acionista controlador.
Ponto sempre discutido, o
aporte de recursos governamentais a fundo perdido, sem retorno
obrigatório, está excluído da fórmula. O BNDES participa da
operação como banco, dentro
das modalidades financeiras
próprias de banco de fomento. E,
assim como a estatização, a fórmula não considera a internacionalização acionária da Varig,
presente em algumas sugestões.
Sob o aspecto financeiro, a fórmula é, portanto, de solução brasileira, mantida a Varig como
empresa privada e sem a tradicional injeção de recursos públicos que se privatizam, jamais retornando aos cofres de sua origem.
Quanto à operacionalidade da
Varig, a fórmula adotou duas
premissas. De uma parte, não limitar a solução às urgências da
dívida, mas deixar a Varig com
condições de continuar capaz de
gerar R$ 1 bi em divisas. De outra
parte, desenvolver a recuperação
com o maior número de empregos compatível com a eficiência
administrativa. O problema do
desemprego na aviação brasileira já é imenso e agravado pela
conseqüente queda dos níveis salariais no setor.
A Varig é um patrimônio internacional do Brasil. Não é gratuito o meigo toque sentido ao deparar-se, no exterior, com o símbolo da Varig a meio das caudas
empinadas e incontáveis das potências aéreas. Já seria, esta, a expressão de um motivo para procurar salvá-la. A liquidação da
Varig não seria, porém, o de uma
empresa que detém mais de 30%
do mercado de vôos domésticos e
quase 90% dos vôos internacionais: a ruína da Varig seria um
desastre alucinante no transporte aéreo brasileiro.
Sem efeito
Marta e Serra subiram, mostra
o Datafolha, mas a petista não
aumentou a distância que a favorece. No segundo turno, Serra
continua com vantagem substancial: Marta precisaria crescer
30% sobre o que tem, para alcançar os 52% que Serra ostenta hoje.
À parte o aspecto eleitoral, é
muito positiva a constatação de
que o governo Lula não está colhendo os efeitos esperados da
propaganda desmedida que vem
praticando, com auxílio de parte
graúda da mídia. Sob a forma de
anúncios e notícias muito exageradas, a propaganda governista
tornou os comandos petistas convencidos de reflexos favoráveis
do governo federal sobre seus
candidatos municipais. Por ora,
neris.
É sempre favorável à democracia o fracasso dos contos-do-vigário eleitorais.
Documento
A TV Câmara exibiu, noite alta
de quinta-feira, o documentário
sobre o golpe que derrubou Hugo
Chávez em abril e, logo, sua volta
à presidência. O noticiário sobre
a Venezuela, desde a eleição de
Chávez, é dos mais deformados,
entre os assuntos internacionais,
e camufladamente reacionário.
O filme é uma reportagem de
momento, mas só as faces dos
personagens já seria uma contribuição para se compreender melhor o que, de fato, ocorre na Venezuela.
A TV Câmara deve reprisar o
documentário, sempre sem informar sua programação. Vale a pena vê-lo até como realização de
jornalismo.
Inativos
Erro de digitação deu aqui como www.aducamp.org.br, na
quinta-feira, o endereço eletrônico da Associação dos Docentes da
Unicamp. É www.adunicamp.org.br, onde a associação apreciou os votos no STF sobre a taxação previdenciária de inativos e
transcreveu trecho de parecer de
Eros Grau, quando advogado, tido como contrastante com seu voto como ministro do STF.
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