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Para especialistas, propostas não têm articulação
DA REPORTAGEM LOCAL
As "soluções" que apareceram
até o momento na campanha eleitoral para os problemas da saúde
são focalizadas e não equacionam
o sistema, avaliam estudiosos da
área. "Não têm um modelo de
gestão", afirma o professor de Políticas de Saúde da Faculdade de
Medicina da USP, Paulo Mangeon Elias.
O sistema de saúde é um tripé,
formado por atenção básica, média (a das consultas especializadas) e hospitais.
Elias diz que os CEUs da saúde
poderão auxiliar na área ambulatorial, mas chama a atenção para
o fato de que deve haver organização para as demandas que irão gerar -profissionais, consultas e
um volume difícil de prever de
exames. Ele alerta ainda para a ausência de mecanismos administrativos que garantam que cada
patamar da atenção à saúde cumpra suas prerrogativas. "Quem
disse que as UBSs irão funcionar?", afirmou. "É avanço, mas é
parcial." Para Elias, é preciso criar
meios de responsabilizar quem
não cumprir seu papel. E um sistema de informações.
"As duas coisas são parecidas",
disse sobre as principais propostas dos candidatos. "Mas o problema aqui em São Paulo é que é
preciso articular a alta, a média e a
baixa complexidade."
Professor da Medicina Social da
Santa Casa de São Paulo, Nelson
Ibañez também alerta para a
complexidade do sistema de saúde da capital. E diz que um dos desafios sempre foi a acessibilidade
à rede e um sistema de referência
para quem consegue o primeiro
atendimento.
"O segundo problema é a gestão", aponta. É preciso que cada
solução tenha sustentação. No caso do CEUs, avalia que poderão
ser "uma fábrica de procedimentos". "E o custeio disso? Já há também dificuldades de médicos na
periferia", disse, lembrando do
risco de carência de profissionais
para as unidades. "Hoje há desperdício, procedimentos desnecessários, em todos os lugares.
Assusta. Além disso, faço 50 exames e depois, se não há dinheiro
para os remédios?"
A proposta dos mini-hospitais,
aponta o professor, é viável só se
houver um gerenciamento conjunto com o hospital maior.
"O que deveria era melhorar o
que está aí e articular o sistema."
Procurada pela reportagem, a
assessoria de imprensa do candidato Paulo Maluf (PP) não respondeu ao pedido da reportagem
para detalhar sua proposta de retomar o PAS (Plano de Atendimento à Saúde).
A candidata Luiza Erundina
(PSB) encaminhou um documento de quatro folhas no qual defende o aumento de recursos para o
setor, a expansão do Programa
Saúde da Família e a articulação
entre as redes.
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