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LEGISLATIVO
Candidatos inscrevem registros esdrúxulos nos tribunais eleitorais atrás de visibilidade e reconhecimento nas urnas
Meu nome é...
CLÁUDIA CROITOR
LIEGE ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
O deputado Bruce Willis (PGT)
apresentou ontem na Câmara um
projeto com o apoio de Manoel
Tio do Doce (PSB). A proposta teve trâmite rápido, mesmo com as
emendas da bancada liderada por
Fernando Comilão (PGT), da
qual fazem parte Amendoim (PC
do B) e Batata (PSDB). O entrave
ocorreu no plenário, com a oposição de Zico (PSC), Nadir Fofinho
(PL) e Ó Clemente! (PHS).
Parece gozação, mas, se a tática
de muitos candidatos der certo
nestas eleições, o Congresso e as
Assembléias de todo o país podem ter deputados com nomes
tão curiosos como os do parágrafo acima. Para chamar a atenção
ou não desperdiçar o nome como
é conhecido, boa parte dos candidatos usa apelidos e até slogans
para se registrar nos TREs (Tribunais Regionais Eleitorais).
Assim, ao digitar na urna eletrônica o número de seus escolhidos,
o eleitor poderá se depara com
nomes como Hamuche 100% Você (PPB), Quem? Professor Armando (PDT) e Rufino o Popular
Azeitona (PRTB).
O candidato a deputado federal
Everaldo Santos (PST) tem oito
segundos no horário eleitoral de
Pernambuco e só consegue falar:
"Ninguém dá jeito na situação,
por isso vote em Ninguém!". Ninguém, no caso, é seu "nome de
guerra". Nas ruas, ao ouvir de
uma pessoa a frase "Não voto em
ninguém", responde: "Vote sim,
sou Ninguém, vale a pena".
Famoso nos quartéis de Juiz de
Fora como mágico, Murilo Raimundo de Freitas aproveitou a fama para se registrar como candidato a deputado federal: Murilo O
Mágico (PAN). Alguns de seus
"colegas" de circo também estão à
procura de votos, como Ademar o
Palhaço Gordurinha (PGT), o Palhaço Bola (PT) e o enigmático
Linguiça do Circo (PTB).
A ocupação é, aliás, um dos critérios mais usados na hora de
compor um nome de candidato.
Exemplos não faltam, como Ronne do Raio-X (PAN) e Jajá Motoboy (PMDB). "Doutor" e "professor" são os mais frequentes: só em
São Paulo, 113 se registraram como doutor, e 85, como professor.
Há ainda padres, pastores, delegados, coronéis...
Alguns usam o nome de outras
pessoas para serem reconhecidos.
É o caso de Arlete Souza, candidata a deputada federal pelo PPS,
que se inscreveu no TRE como
Arlete Mãe do Guilherme. A história é triste: Arlete ficou conhecida no movimento de mães de desaparecidos como mãe de Guilherme, que sumiu há 11 anos.
Geni Rafael da Silva, que tenta
uma vaga como deputada estadual pelo PTB, registrou-se como
Geni do Willians Rafael. Willians
é seu marido, candidato ao Senado pelo mesmo partido. Já Alice
Novaes (PTB) aparecerá na urna
eletrônica como Alice Novaes Irmã do Deputado Tiago.
Há quem se aproveite de uma
suposta semelhança com alguém
famoso -ou quase. A carioca
Edileusa Andrade se candidatou a
deputada federal pelo PFL como
Edileusa Sai de Baixo, como a personagem do extinto humorístico
da Globo, que quis proibir o uso
do nome. "Pedi, quase chorei e
acabaram deixando".
Também Jonas Fontoura Santana (PTB) se tornou o Seu Madruga, candidato à Assembléia paulista. "Sou a cara dele", diz, sobre
o personagem do seriado mexicano "Chaves". Detalhe: seu Madruga, o do seriado, odeia trabalhar.
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