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ENCONTRO DE GUADALAJARA
Seis bancos e 25 lojas são depredados; cerca de 90 pessoas foram presas, e outras 50, feridas
Protesto antiglobalização deixa 50 feridos no México
PLÍNIO FRAGA
ENVIADO ESPECIAL A GUADALAJARA
Ao menos 90 pessoas foram
presas e 50 ficaram feridas em
conflitos entre a polícia e manifestantes antiglobalização no encerramento da 3ª Cúpula América
Latina e Caribe-União Européia.
Cerca de mil pessoas ocuparam
ruas próximas ao Instituto Cultural Cabañas, onde se realizava, na
noite de anteontem, o jantar de
gala oferecido pelo presidente
mexicano, Vicente Fox, a representantes de 58 países.
Menos do que a quantidade de
manifestantes, o que mais impressionou foi a violência dos
grupos que se chamavam de
anarquistas. Na contabilidade oficial, dos 50 feridos, 30 eram policiais e 20 eram manifestantes.
A polícia mexicana colocou batalhões de choque, com escudos,
cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo nas ruas próximas à
avenida Juarez -rua importante
do centro de Guadalajara.
Manifestantes partiram em direção ao bloqueio policial atirando grades de ferro, telefones públicos, tijolos e rebocos de obras.
Em diversos pontos de bloqueio, os policiais apenas se protegiam com seus escudos.
Seis bancos foram depredados,
o que provocava o disparo do sinal de alerta das agências, aumentando o clima de caos nas ruas de
Guadalajara.
Vinte e cinco lojas tiveram portas arrombadas, mas não se registrou nenhum tipo de saque. Os
confrontos começaram no fim da
tarde e se estenderam repetidas
vezes por toda a noite.
Os participantes, na maioria jovens, gritavam slogans anarquistas. Alguns usavam boinas e camisetas com a imagem do líder
revolucionário Che Guevara. Outros portavam bandeiras cubanas.
Muitos protestavam contra os Estados Unidos, país que não participa da cúpula América Latina-União Européia.
Poucos chefes de governo e de
Estado presentes passaram em
áreas próximas aos protestos. Como eram em número reduzido, os
manifestantes caminhavam pelas
cercanias do Instituto Cultural
Cabañas, forçando a entrada, sem
sucesso, na tentativa de invadir a
área do jantar das autoridades.
A comissão de direitos humanos do México abriu procedimento para investigar abusos da
polícia e identificar incitadores da
violência.
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva havia deixado a área da cúpula no final da tarde, momentos
antes do início do conflito nas
ruas de Guadalajara. A única autoridade brasileira presente no
encerramento da cúpula era o ministro do Desenvolvimento, Luiz
Fernando Furlan.
Mercosul
Como resultado de reuniões
com os países do Mercosul, o México acertou sua entrada no bloco
a partir do próximo dia 8 de julho,
como "membro associado".
O presidente do México, Vicente Fox, informou o presidente Lula da decisão anteontem. Segundo
Fox, a adesão do México "trará
benefícios políticos e econômicos
para a América Latina".
O presidente do Chile, Ricardo
Lagos, disse esperar que a incorporação do México "permita ter
uma melhor coordenação nos fóruns internacionais".
O pedido de adesão do México
será formalizado em Buenos Aires. Anteontem, Lula convidou
Fox para visitar o Brasil dias antes
do encontro para que cheguem
em um mesmo vôo à Argentina.
Fox então perguntou ao brasileiro se usariam um avião da Embraer, empresa que tem um contencioso com o Canadá, parceiro
do México no Nafta (o acordo de
livre comércio da América do
Norte). "Vamos de "sucatão" mesmo", escapou Lula.
Colaborou FABIANO MAISONNAVE,
enviado especial a Guadalajara
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