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Entrevista - William Poundstone
Perguntas estranhas são tendência em seleção
'QUE PERSONAGEM DE DESENHO VOCÊ SERIA?' É UMA DELAS
Na entrevista do emprego dos seus sonhos você ouve a pergunta: "Se você fosse um personagem de desenho animado, qual seria e por quê?". A maneira correta de responder a questões esquisitas como essa é o tema do livro "Você É Inteligente o Bastante para Trabalhar no Google?" (Zahar, 259 págs., R$ 44,90).
O autor, William Poundstone, físico formado pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology), estudou os métodos de seleção de grandes companhias como Google, Bank of America e Walmart.
O título é uma brincadeira com a seleção da gigante de tecnologia Google, que avalia conhecimentos técnicos em questões como criação e uso prático de algoritmos, mas também mede o bom senso e o humor dos candidatos.
Veja os principais trechos da entrevista.
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Folha - Questões extravagantes podem medir o quê?
William Poundstone - Elas testam se o candidato está alerta, se tem bom raciocínio e se tem bom senso. Em muitos casos, existe mais do que uma boa resposta. Entrevistadores preferem perguntas em aberto, não memorizáveis.
É importante ter bom humor?
Definitivamente, o humor causa boa impressão. Houve estudos que mostraram que os entrevistadores são influenciados pelo humor, pela aparência e pela linguagem corporal, mesmo quando juram que não são.
Esse estilo de questionário é uma tendência mundial?
Com certeza. Eu recebo e-mails de pessoas no Brasil, na Índia e na China dizendo que ouviram esse tipo de pergunta em entrevistas.
No livro, o senhor fala das triagens preliminares dos testes tornassol [que medem qualidades consideradas prioritárias pelas empresas]. Eles são uma forma de saber se o candidato conhece a companhia?
Sim. Entrevistadores do Goldman Sachs são conhecidos por perguntarem aos candidatos o preço da empresa na Bolsa. Um entrevistador de tecnologia me disse que sempre pergunta o que os candidatos pensam do produto da empresa.
Em relação às questões de desafio mental, a intenção é saber se o candidato é capaz de encontrar um caminho lógico?
Acima de tudo, os entrevistadores querem entender como o candidato pensa. Por essa razão, esperam que o entrevistado forneça, passo a passo, o roteiro de como resolveria problemas.
A criatividade também é altamente valorizada?
O Google, por exemplo, tem uma cultura de valorização da criatividade e da colaboração. De certa forma as entrevistas são testes de personalidade. Eles querem ter certeza de que você pensa em maneiras novas de agir e de que trabalha em time.
As questões de algoritmo são usadas para verificar se o candidato tem capacidades de planejamento?
Perguntas como "faça o design de um plano de evacuação para São Paulo" significam que, se alguém pode responder a essa questão com ideias sensatas e com um plano, também vai ser um bom gerente.