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Brasil é líder total em desmatamento, mostra novo estudo
Grupo dos EUA mediu perda de floresta tropical no mundo inteiro entre 2000 e 2005; país respondeu por 47,8% dela
Trabalho é um dos primeiros a estimar total derrubado
nesse tipo de floresta; perda foi equivalente a um Estado
de São Paulo no período
DA REDAÇÃO
As florestas tropicais do
mundo todo encolheram o
equivalente a mais de um Estado de São Paulo entre 2000 e
2005. E quase metade dessa
destruição aconteceu -onde
mais?- no Brasil.
Os dados são de um estudo
americano publicado na edição
de hoje da revista "PNAS". Eles
mostram que, nesses cinco
anos, o país foi campeão de área
absoluta desmatada e de velocidade de devastação.
A análise, justiça seja feita,
não capturou todo o período no
qual o desmatamento esteve
em queda no país (entre julho
de 2004 e agosto de 2007).
Mesmo assim, com 3,6% de
perda na Amazônia em relação
ao total de floresta que havia
em pé no ano 2000, o país ganhou até da Indonésia -dona
da indústria madeireira mais
predatória do mundo. Na África, onde a pressão do agronegócio industrial ainda não chegou, a taxa foi de 0,8%.
O estudo, liderado por Mathew Hansen, da Universidade
do Estado de Dakota do Sul,
contabilizou 272 mil quilômetros quadrados de florestas
perdidas na América Latina, na
África e no Sudeste Asiático.
A fatia do leão coube ao Arco
do Desmatamento brasileiro,
em especial Mato Grosso. "Por
área, o Brasil responde por
47,8% de toda a derrubada de
florestas tropicais, quase quatro vezes mais do que o segundo maior [desmatador], a Indonésia, que tem 12,8% do total",
dizem os pesquisadores.
Apesar de sistemas de monitoramento do desmatamento
não serem novidade nenhuma
para um país como o Brasil, o
novo trabalho é um dos primeiros a estipular a área desmatada nesse bioma no mundo todo.
Esse tipo de monitoramento
é crucial numa época em que o
mundo reconhece a importância do desmatamento como
fonte de gases-estufa e que países tropicais pleiteiam receber
dinheiro na forma de créditos
de carbono por controlá-lo.
"Muitos países não têm sistemas como o do Brasil, então a
abordagem pode ser útil na capacitação para monitorar florestas", disse à Folha Ruth DeFries, da Universidade de
Maryland, co-autora do estudo.
DeFries e colegas desenvolveram uma metodologia que
combina imagens dos satélites
Modis (mais rápidos) e Landsat (mais preciso). Em vez de
olhar imagem por imagem de
país por país, o grupo pegou
uma amostra limitada de imagens e extrapolou o desmatamento para regiões vizinhas.
"É uma abordagem estatística"
diz Carlos Souza Jr., do Imazon
(Instituto do Homem e Meio
Ambiente da Amazônia), que já
trabalhou com DeFries. Segundo ele, a correlação encontrada
pelo grupo foi "muito boa". Ou
seja, a notícia é muito ruim.
(CLAUDIO ANGELO)
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