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Sonda mostra Sistema Solar "amassado"
Espaçonave Voyager-2 cruza a primeira fronteira em direção ao espaço interestelar e descobre que ela é torta e se mexe
Partículas emitidas pelo Sol penetram o espaço de modo diferente dependendo da direção que seguem; sonda transmitirá dados até 2025
RAFAEL GARCIA
DA REPORTAGEM LOCAL
A sondas Voyager-1 e 2, os
objetos humanos mais distantes da Terra, acabam de render
uma descoberta inesperada: o
Sistema Solar não é tão redondo quanto se pensava. Em uma
série de estudos publicados hoje sobre as análises conduzidas
pela Voyager-2, cientistas mostram que a heliosfera -a zona
de influência exclusiva do Sol-
não é bem uma esfera, como sugere seu nome, mas tem uma
forma mais oval no sul, como se
tivesse sido amassada.
Os trabalhos que comparam
os resultados obtidos pelas
sondas -a Voyager-1 seguiu
para o norte- estão na edição
de hoje da revista "Nature"
(www.nature.com). Os estudos são os primeiros publicados depois de as duas terem
cruzado o "choque de terminação", zona em que o vento solar
-as partículas eletricamente
carregadas emitidas pelo Sol-
começa a colidir com o vento
interestelar até ser desviado e parar.
Esse fenômeno ocorre muito
longe, a mais de cem vezes a
distância entre a Terra e o Sol.
Literalmente, é onde o vento
solar faz a curva.
"O choque é mais perto do
Sol no sul do que no norte", explicou à Folha Edward Stone,
físico do Caltech (Instituto de
Tecnologia da Califórnia) que
liderou o principal estudo. "Isso significa que a matéria interestelar ao redor exerce uma
pressão maior no sul. Provavelmente isso ocorre porque há
um campo magnético interestelar no sul posicionado de modo a causar esse desequilíbrio."
Segundo o cientista, esse
campo magnético que distorce
a heliosfera é criado pelo próprio plasma interestelar, mas a
assimetria não era prevista em
teoria. Em média, esse magnetismo corre em harmonia com
a galáxia, mas antigas explosões de estrelas podem ter causado uma perturbação local
que afeta o Sistema Solar.
Os dados da Voyager-2 também indicam que a fronteira da
heliosfera é instável e se movimenta o tempo todo. Em sua
viagem rumo ao infinito, a nave
cruzou várias vezes o choque
de terminação, para dentro e
para fora, porque ele se mexe.
A baterias das sondas, lançadas em 1977, devem durar até
2025. Em 2013, a Voyager-1 deve atingir a heliopausa, a área
onde o vento solar pára.
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